Recentemente a exposição de cachês milionários pagos a estrelas do sertanejo por prefeituras de cidades pequenas ligadas ao agronegócio deixou evidente a influência do setor no processo de hegemonia econômica e musical do gênero no mercado fonográfico no Brasil.
Mas há outra parceria estratégica nesse processo: a Ambev, líder na produção da bebida mais popular do país e a maior fabricante de cerveja do mundo, investe pesadamente nos artistas de maior visibilidade do sertanejo.
A música chiclete de Zé Neto & Cristiano driblou Código de Defesa do Consumidor, conselho de autorregulamentação, concorrentes e até o manual da fabricante de cerveja.
“Alô, Ambev? Dobra a produção aí, que a gente bebe (...) Eu sigo sofrendo e bebendo Brahma”
No videoclipe, Zé Neto & Cristiano cantam ao vivo no palco da Brahma e circulam na fábrica da Ambev em Agudos, no interior de São Paulo. O lançamento aconteceu em setembro de 2020, no Dia Internacional da Cerveja, em uma ação que incluiu uma live e a gravação do videoclipe.
A falta de identificação clara de que se trata de uma ação publicitária, como determina o Código de Defesa do Consumidor, e o desacordo com o princípio de responsabilidade sobre o consumo de bebidas alcoólicas geraram uma representação contra a Ambev e a dupla no Conar, após denúncia de um consumidor e da concorrente Kaiser.
Ao Conar, a Ambev chegou a negar tratar-se de publicidade. Mas, o Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária identificou infração a pelo menos quatro artigos do código.
Seguindo a determinação do Conar, a Ambev acrescentou a hashtag
além da tarja
Em 2020, mesmo ano que a Ambev fechou a parceria com Zé Neto & Cristiano e patrocinou as lives regadas a cerveja de Gusttavo Lima, a empresa lançou uma plataforma na internet para incentivar o consumo moderado de álcool e a promessa de impactar 2,5 milhões de consumidores até 2022.
No mês seguinte à decisão do Conar a respeito da música Alô Ambev, a empresa anunciou a controversa contratação da Monja Cohen como embaixadora do consumo moderado de suas marcas.
critica Adriana Carvalho, diretora jurídica da ACT Promoção da Saúde, organização da sociedade que atua na área.
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