O preço da criação de camarão no litoral de Sergipe é alto: problemas de saúde nos trabalhadores, contaminação das águas, desmatamento do manguezal e prejuízos à pesca artesanal.

Foto: Jhon Macario

Mapa do terreno

“Tem uns produtos químicos que eles colocam nos viveiros e quando soltam as águas, vai tudo para o mangue. Mata os caranguejos, os peixes, não fica um bicho vivo. É um pó que usam pra matar o camarão”.

Maria, marisqueira da região.

O pó a que ela se refere é o metabissulfito de sódio, um agente oxidante que, em contato com a água, sofre uma reação química e libera o gás dióxido de enxofre.

Foto: Jhon Macario

Em todo o litoral, é comum ouvir relatos de pescadores, marisqueiras e agricultores familiares sobre os prejuízos causados pelas substâncias químicas utilizadas na carcinicultura.

Como a criação atende à lógica da produtividade, há carcinicultores que, em três meses, chegam a produzir 5 toneladas de camarão. O resultado da produção é a destruição do manguezal e dos modos de vida que dele dependem.

Foto: Jhon Macario

Mapa do terreno

Para combater doenças infectocontagiosas geradas por essa superpopulação em confinamento, criadores aplicam antibióticos, ingeridos por meio das rações e também ficam no fundo dos tanques.

Além dos impactos na saúde dos trabalhadores, a criação de camarões em viveiros também leva a danos ambientais e socioeconômicos. Para a instalação dos tanques de carcinicultura, é realizada uma grande alteração na paisagem da região.

Foto: Jhon Macario

Os efeitos irreversíveis da prática da carcinicultura como uma suposta evolução da pesca nos territórios de vida das comunidades costeiras são sentidos há longos anos.

Foto: Jhon Macario