Talvez você já saiba que as condições de vida das galinhas poedeiras não são as melhores.

No Brasil, são 118 milhões de aves espalhadas pelo território nacional, 95% delas criadas  em modalidade de confinamento intensivo, dentro de gaiolas.

Elas têm os bicos amputados, vivem amontoadas em espaços minúsculos e recebem doses enormes de antibióticos.

Em galpões que chegam a abrigar cem mil galinhas, essas aves se amontoam em números de oito, dez, às vezes doze animais por gaiola.

Elas vivem em um espaço de meia folha A4.

Animall Equity

Dentro das gaiolas, essas galinhas são impedidas de desenvolver comportamentos básicos, como abrir as asas, ciscar, caminhar, brincar na terra e se empoleirar.

O grau de estresse é tanto que as aves desenvolvem comportamento canibal: bicam e muitas vezes ferem de morte as companheiras de cela.

Com apelo do consumidor, as granjas passaram a pensar em alternativas. Com isso, chegaram as opções que prometem maiores níveis de bem-estar animal.

Você sabe dizer a diferença?

Livre de gaiolas, caipira e orgânico.

Porque a verdade é que a indústria cria essa confusão de propósito.

Não? Tudo bem...

explica o produtor de ovos orgânicos Romeu Leite, da granja Vila Yamaguishi, que fica em Jaguariúna, no interior paulista.

"Dentro dos alternativos a gente pode englobar o ‘livre de gaiola’, o ‘caipira’ e o orgânico. Desses todos, o único que tem regulamentação é o orgânico. E você sabe que o que não tem regulamentação não tem fiscalização."

Em 2020, o Joio descobriu uma série de violações de bem-estar animal em uma granja que produz ovos "caipiras" e "livres de gaiola" para o Pão de Açúcar em Santa Catarina.

As galinhas recebem choques elétricos e são impedidas de acessar as áreas externas dos galpões.

Apesar disso, a granja detém o selo Certified Humane, que atesta altos níveis de bem-estar animal. A culpa é do vácuo legislativo no setor.

Na Granja Ovo Novo, no interior paulista, são embalados ovos caipiras para as marcas Qualitá, do grupo GPA, e Ito Country, vendida no Pão de Açúcar e Carrefour.

Nessa granja, as violações trabalhistas são algo normal:

“Nós não temos horário pra entrar e nem pra sair, já teve dias em que a gente entrou às 6h30 e saímos 0h40”, 

conta uma funcionária, relatando que a empresa paga apenas R$ 3,25 pela hora extra trabalhada.

Para saber mais sobre as condições nada felizes das galinhas livres, confira nossa investigação em podcast e reportagem.

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