Você sabe o que é gordura trans?

A história da gordura trans talvez revele melhor do que qualquer outra lógica que guia a indústria de produtos alimentícios.

Tudo começou com a busca por substituir gorduras naturais, que foram por séculos usadas para produzir os mais variados alimentos, por algo mais barato, menos perecível e que servisse de base para muitas formulações.

Assim, ao invés da manteiga de cacau, os chocolates passaram a ser produzidos com óleo vegetal.

Ao invés de creme de leite, os iogurtes começaram a levar… adivinha o quê?  Óleo vegetal.

A invenção que tornou a substituição possível foi criada em 1902 e atende pelo nome de hidrogenação. E é justamente esse processo tecnológico a principal fonte de gorduras trans.

Mas o que isso tem de mais? A hidrogenação bagunça os ácidos graxos presentes nas gorduras.

E como os ácidos graxos são combustível para as células humanas, essa mudança tem efeitos na nossa saúde.

Já sabemos que a ingestão de gorduras trans industriais aumenta:

o risco de morte por qualquer causa em 34%

o risco de morte por doença coronariana em 28%

o risco de ocorrência de doença coronariana em 21%

Mas tudo isso só começou a vir à tona nos anos 90 – oito décadas depois que a indústria tornou as gorduras trans onipresentes na nossa alimentação.

Nos bolos e biscoitos. Nos sorvetes. Nas comidas congeladas. Naqueles tabletes de caldos prontos. Nos molhos. Nos miojos. Nas pipocas de micro-ondas. Nas batatas fritas e salgadinhos.

Também no biscoito de polvilho, um clássico das praias cariocas, e no mais tradicional dos lanches mineiros: o pão de queijo. Até na papinha do neném.

Em 2003, um comitê de especialistas reunido pela OMS e pela FAO alertou que a saúde do coração dependia de uma ingestão virtualmente nula de gorduras trans.

A Dinamarca foi o primeiro país a banir o aditivo, também em 2003. O Brasil demorou 18 anos para começar a banir a gordura trans industrial. As regras começaram a valer em julho de 2021.

Por conta dessa demora, dá pra calcular que o país acumulou 334.368 mortes por doenças coronarianas atribuídas ao consumo excessivo de gordura trans.

Quer ler mais sobre essa história – que, claro, tem o dedo da indústria nesse atraso? 

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