Se você não mora em São Paulo, é muito provável que não saiba o que é uma OXXO. Mas, se você mora, sua situação talvez não seja muito melhor.

foto: Lucas Marteli

De uma hora para outra, essas pequenas lojas que vendem comida, mas também produtos de higiene e limpeza, começaram a coalhar bairros inteiros da capital paulista e de algumas poucas cidades do interior de SP.

A marca OXXO pertence à Fomento Económico Mexicano (Femsa). Geralmente, a empresa é confundida com a Coca-Cola Company, corporação da qual é sócia no negócio de bebidas.

Mas os negócios da Femsa vão muito além – e a OXXO é prova disso. Em 2021 essas lojas ultrapassaram a área de engarrafamento das bebidas da Coca-Cola em rendimentos e lucros.

A primeira OXXO foi inaugurada na cidade  de Monterrey em 1978.

Hoje, no México, já são mais de 20 mil lojas. Com planos de expansão para 30 mil nesta década.

A multiplicação da OXXO começou a acontecer em outros países:

2009

Colômbia

110 lojas

2017

Chile

104 lojas

2018

Peru

57 lojas

Em 2019, o Brasil se tornou a quarta – e até agora última – conquista da OXXO fora de solo mexicano.

foto: Lucas Marteli

Em apenas 15 meses, a rede já inaugurou mais de 100 lojas em SP – ritmo, que virou piada na internet.

O desembarque da OXXO em solo tupiniquim aconteceu através de uma joint venture da Femsa com a Raízen, que é uma das maiores distribuidoras de combustíveis do Brasil, dona dos postos Shell.

foto: Reprodução

O resultado dessa parceria é outra empresa, chamada Grupo Nós. Trata-se de uma “máquina de expandir”, segundo seu CEO, Rodrigo Patuzzo. “Estamos inaugurando um mercado por dia. Vamos chegar ao número 1.000!”, prometeu, por sua vez, Ricardo Mussa, CEO da Raízen.

Mas por que a OXXO é sinônimo de tantas lojas?

foto: Lucas Marteli

A OXXO se baseia em um conceito que se vende como novo, mas na verdade é mais velho do que andar pra frente: o varejo de proximidade. Os armazéns de secos e molhados do século passado eram varejo de proximidade.

foto: Lucas Marteli

A diferença é que, ao contrário da quitanda do seu Zé, a OXXO é uma potência bilionária:  com milhares de lojas,  é fácil negociar com os fabricantes preços que vão se traduzir em promoções para o consumidor.

foto: Lucas Marteli

No México, o avanço da OXXO cria problemas para os pequenos comerciantes: o governo do estado de Aguascalientes considera que, a cada OXXO que abre, entre cinco e sete vendinhas de bairro fecham.

foto: Dênio Simões/Agência Brasília

Se muitas e muitas lojas significam escala, elas também significam conveniência.  “Existe uma tendência mundial de polarização do consumo entre dois grandes polos”, diagnosticou Rodrigo Patuzzo.

Segundo ele, o primeiro polo é o do preço – representado, hoje, pelos atacarejos. É unicamente a vontade de poupar dinheiro o que move os consumidores na direção dessas lojas gigantes, que ficam geralmente longe de casa.

Mas, no outro extremo, o consumidor é dominado por uma angústia relacionada não a algo concreto, como o saldo na conta bancária, mas subjetivo, como  a percepção do tempo.

foto: Lucas Marteli

“Hoje a gente quer fazer muito mais coisas no mesmo período de tempo que a gente fazia antes – e a tecnologia nos permite isso. Então, cada vez mais, falta tempo para as pessoas”, descreveu Patuzzo, explicando que a OXXO se posiciona nesse polo.

foto: Lucas Marteli

Esse polo da proximidade também vem sendo ocupado por redes de supermercado (exemplos são as marcas Minuto Pão de Açúcar, Mini Extra e Carrefour Express) e distribuidoras de combustível, que anunciaram planos de abrir lojas de conveniência fora dos postos de abastecimento.

foto: Lucas Marteli

“Só tem produtos empacotados”, resumiu Sarah Knittel, uma jovem que o Joio encontrou saindo das lojas situadas a poucos metros da entrada da Unicamp. Campinas foi o “laboratório” da marca no Brasil.

Estando tão pertinho das pessoas, o que a OXXO vende?

foto: Maíra Mathias

Estudos no México vêm apontando uma correlação entre a multiplicação de lojas como a OXXO e o aumento do consumo de produtos ultraprocessados – e a ciência já mostrou que esse consumo aumenta o risco de obesidade, desenvolvimento de doenças crônicas e mortes.

foto: Lucas Marteli

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