Mais da metade da população brasileira sofre com algum grau de insegurança alimentar e pelo menos 15% convive com a falta diária e constante de ter o que comer.
Os números são do levantamento mais recente sobre o tema, o relatório “Efeitos da pandemia na alimentação e na situação de segurança alimentar no Brasil”.
“Quem tem fome tem pressa”, dizia o sociólogo Betinho. Mas, apesar dos números, há um tempo a fome não é tratada com um problema urgente no Brasil, apesar de ser.
Pra quem não acompanha muito os indicadores de segurança alimentar e nutricional, pode até parecer que a falta de comida no prato está ligada aos desdobramentos da pandemia. E é claro que o tripé vírus-negacionismo-desemprego tem a sua parcela de culpa.
ex-presidenta do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea)
Naquele momento, as autoridades do país, então governado pelo presidente Michel Temer, creditavam o problema ao desemprego e esperavam que duas das principais iniciativas do governo solucionassem a questão: a reforma trabalhista e a Emenda Constitucional 95, que limitava por 20 anos os investimentos sociais do governo federal.
Prometia-se que a primeira ajudaria na geração de postos de trabalho, e a segunda atrairia investimentos, aquecendo a economia. Os números mostram. E, se você viveu no Brasil durante esse tempo, também sabe dizer. Nem uma coisa nem outra aconteceram.
E Jair Bolsonaro deu sequência ao projeto Ponte para o Futuro de Temer. Desde então, uma série de políticas públicas fundamentais na garantia da alimentação e nutrição adequadas foram destruídas.
Enquanto o governo destruía programas sociais, o prato da família brasileira ia ficando menos diverso e mais caro...
alimentos com maior redução de consumo durante a pandemia
44%
Relatório "efeitos da pandemia na alimentação e na situação da segurança alimentar no brasil", 2021
Ao abordar os relatos dramáticos daqueles que estão sofrendo com a fome, é fundamental entender o que se fez ou deixou de ser feito para que isso aconteça.