a maior gestora de fundos do mundo lidera decisões de sistemas alimentares por parte do capital internacional

BlackRock:

Em 1988, enquanto o Brasil acompanhava atentamente a concepção de uma nova Constituição Federal, a BlackRock era fundada pelo executivo Larry Fink.

Reprodução: BlackRock

Hoje, a BlackRock gerencia US$ 9 trilhões (sete vezes o PIB brasileiro) no mercado financeiro. E Fink tem uma fortuna pessoal estimada em US$ 1 bilhão.

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E por que a BlackRock nos interessa?

A maior gestora de fundos do mundo hoje utiliza commodities agrícolas como um dos principais instrumentos de redução de risco.

“As commodities alimentares são interessantes para o investidor financeiro porque é uma forma de se proteger contra a inflação, especialmente quando os preços estão altos e voláteis”,

explica Jennifer Clapp, pesquisadora de segurança alimentar e sustentabilidade da Universidade de Waterloo e integrante do Painel Internacional de Especialistas em Sistemas Sustentáveis de Alimentação (IPES-Food, na sigla em inglês)

Entre os clientes BlackRock, estão empresas como AmBev, Marfrig, Walmart e Femsa. E promete um retorno de até 30% anuais. Ou seja, cada US$ 10 mil investidos nesse portfólio podem se transformar em US$ 25 mil.

Para que esse sistema funcione, é necessário que os gestores de fundo possam prever com grande precisão as variações de preços em um futuro próximo. 

E a melhor forma é ampliar o controle do capital financeiro sobre todas as etapas da produção e distribuição de alimentos, e até sobre a propriedade de terras.

A BlackRock é uma das principais acionistas de empresas como PepsiCo, Kellogg, Toro, Bunge, Monsanto e Syngenta, além da brasileira JBS, por exemplo.

Tá dando pra entender a malandragem desse sistema?

“Esse tipo de investimento financeiro é intimamente associado com a expansão da produção agrícola em terras anteriormente não cultivadas na forma de monoculturas, o que significa desmatamento, degradação do solo e perda de biodiversidade”,

explica Jennifer 

É nesse ponto que as atividades da BlackRock colidem com os valores de sua contemporânea brasileira, a Constituição Federal.

Em 2019, a ONG norte-americana Amazon Watch realizou um estudo sobre o investimento da BlackRock em cadeias produtivas danosas ao meio ambiente, e constatou que a empresa está entre as 10 maiores acionistas das 50 empresas que mais causam deflorestamento no mundo.

Vídeo de Luiz Eloy Terena, advogado indígena da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), para Larry Fink, CEO da BlackRock.

Reprodução: AmazonWatch

Um segundo relatório elaborado pela Amazon Watch em parceria com a APIB, “Cumplicidade na Destruição”, quantifica em US$ 8,2 bilhões o investimento da BlackRock em empreendimentos de agronegócio associados à invasão de terras indígenas entre 2017 e 2020.

Nossas investigações sobre o agronegócio brasileiro fazem  parte da série  Muito Além da Porteira,  que você encontra no site do Joio.

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