A maçã que você come pode ter  sido colhida com superexploração de trabalho indígena

Mesmo com os sintomas da Covid-19, o indígena guarani, que preferiu omitir o nome, teve que trabalhar nos pomares de maçã, em Vacaria, no Rio Grande do Sul.

O contingente de trabalhadores para a colheita da maçã nessa região  é praticamente todo indígena.

Ao menos 13 mil indígenas migram para essas cidades todos os anos para trabalhar. Muitos deles encontram nas propostas das empresas uma forma de superar as vulnerabilidades econômicas, sociais e sanitárias enfrentadas em seus territórios.

“Nos últimos anos, a mão  de obra tem sido recrutada de comunidades indígenas, especialmente daquelas que têm uma situação  de vulnerabilidade econômica. Sem acesso a qualquer tipo de atividade produtiva que possa garantir um sustento”

explica Liebgott, coordenador do Conselho Indigenista Missionário (CIMI) na região Sul do Brasil.

O que aconteceu durante a pandemia de Covid-19 foi mais um dos crimes trabalhistas da produção da maçã no sul do país, como

Seta

Trabalho infantil, jornadas extensas de trabalho, contratações por meio de diárias com valores irrisórios, ausência de registro de trabalhadores, alojamentos precários e fornecimento de água e comida inadequados.

Para tentar coibir esta situação,  o MPT-MS instaurou em 2014 um procedimento promocional, que é um instrumento jurídico que visa à regularização nas formas de contratação desses trabalhadores e o acompanhamento nas condições oferecidas para realizarem a colheita da maçã.

Mas… Outro indígena do Mato Grosso do Sul, que também não quis se identificar, afirmou que, neste ano, durante a contratação, foi orientado para mentir ao  MPT , caso fossem questionados sobre qualquer coisa referente às condições de trabalho.

Outro problema apresentado  é o contato direto que os trabalhadores têm com os agrotóxicos utilizados nas macieiras.

Ainda que adoecendo, muitos trabalhadores não recorrem ao ambulatório da empresa e permanecem doentes, uma vez que o atendimento médico e os remédios são cobrados.

Atualmente, há dois tipos de contratações de indígenas como safristas, mas muitas contratações acabam sendo clandestinas.

Entre 2019 e 2020

Auditores-fiscais do Trabalho realizaram  242 ações fiscais no cultivo da maçã em todo o país.

Dessas, 13 foram ações  de combate ao trabalho escravo na atividade econômica.

Dessas, em seis ações foi encontrado trabalho escravo.

Foram resgatados   trabalhadores. Tudo isso antes da pandemia.

Procurada, a Funai informou que monitora a situação dos indígenas.

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