Quando estudar agrotóxicos vira caso de perseguição.
Pesquisar agrotóxicos, especialmente o impacto que a exposição a eles pode provocar à saúde e ao meio ambiente, tornou-se uma atividade arriscada no Brasil.
A violência contra os cientistas ocorre, na sua maioria, de forma silenciosa, sufocando o desenvolvimento do trabalho e abalando emocionalmente os profissionais.
As perseguições ocorrem tanto dentro das instituições, por meio das chefias, quanto por pressão de pessoas ou instituições externas, geralmente ligadas ao agronegócio.
Os constrangimentos ocorrem há vários anos, mesmo ao longo dos governos Lula e Dilma, mas se intensificaram a partir de 2016, no governo Temer e em 2018, com o início do governo Bolsonaro, quando o agro ficou ainda mais fortalecido.
O campo da produção científica, especialmente o de pesquisa voltada para o meio ambiente, saúde coletiva e agroecologia, tem se tornado tão hostil que levou um grupo de pesquisadores a criar a Rede Irerê de Proteção à Ciência, cujo nome faz referência a uma ave que alerta a presença de predadores através do seu canto.
“Não estamos vivendo em um momento democrático, é só observar a quantidade de indígenas encarcerados e de pesquisadores que estão sendo perseguidos, às vezes, dentro da própria instituição em que atuam."
confidencia uma das pesquisadoras perseguidas Larissa Lombardi, agora exilada na Bélgica.
Esse material faz parte da série de reportagens Brasil Sem Veneno.
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