“O agronegócio brasileiro alimenta um bilhão de pessoas.”

Só que não. Nem é preciso ir longe para checar a realidade: em 2022, qualquer brasileiro está a alguns passos de um outro brasileiro passando fome – se é que ele mesmo não está passando fome.

Como é possível?

O agronegócio produz milhões de toneladas de grãos (soja e milho à frente) e de carnes. Mas, cada vez mais, o sistema de produção em larga escala é contestado não apenas por descumprir a promessa de erradicar o problema da fome, como por potencializar essa questão.

Num país como o Brasil, a agricultura familiar tem um papel fundamental na produção dos alimentos mais consumidos. Nos últimos anos, tornou-se mais clara a competição do agronegócio por áreas de florestas públicas, terras indígenas e… agricultura familiar. Pequenos produtores relatam como tem sido difícil permanecer na terra, seja por pressão econômica, seja por violência, grilagem e ameaças.

Foto: Dênio Simões/Agência Brasília

Um dos fatores é a maior mecanização do trabalho, em especial o crescimento do número de tratores. Além da perda de áreas da produção de alimentos, convertidas para a produção de commodities.

Foto: Andre Borges/Agência Brasília

O agronegócio tem privilégio absoluto no acesso ao financiamento público. Além de poder recorrer ao Plano Safra, tem à disposição uma série de mecanismos do mercado financeiro que já se tornaram até maiores que o montante de dinheiro governamental.

O agronegócio é guiado pela busca do lucro a qualquer custo. A desvalorização do real, ocorrida nos últimos anos, tornou os produtos do agronegócio ainda mais atraentes para outros países.

No mesmo período também teve alta da carne bovina, decorrente do apetite do mercado chinês, o que também puxou para cima os preços das carnes suína e de frango, e dos ovos.

Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

O sistema alimentar globalizado faz com que os preços sejam definidos internacionalmente, com base nas movimentações do mercado financeiro e nas projeções globais sobre safras. Esse fator pode causar uma grande instabilidade em países com alto consumo de itens específicos.

E tudo isso é só o começo para entender a relação entre agronegócio e fome no Brasil. Confira, em nosso site, uma série de reportagens sobre o assunto.

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