Foto: Julia Dolce / O Joio e O Trigo

Expulsas de última favela do centro de São Paulo, famílias são direcionadas a microapartamentos sem espaço para cozinhar

Impactados por política habitacional que delega às empresas construção de Habitação de Interesse Social, moradores da Favela do Moinho ficam sem espaço para forno ou máquina de lavar roupas

“Você tem que abrir mão de certas coisas para ganhar outras”, ouviu Cíntia Bonfim Silva de uma servidora da CDHU, a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo, que a oferecia um apartamento de 25m² para que deixasse sua casa na Favela do Moinho. 

O Moinho é a última favela do centro expandido de São Paulo. Ou era. Ao longo deste ano, seus moradores têm sido expulsos de suas casas por determinação do governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Em 2024, o governador anunciou que a favela, localizada há três décadas em um terreno da União, entre trilhos de trem, no bairro de Campos Elíseos, seria removida para a construção de um parque e de uma estação da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).

O plano do governo Tarcísio envolvia demolir as casas, realocando as famílias na fila da habitação da CDHU para financiarem apartamentos do zero.

Em junho de 2025, após manifestações duramente reprimidas pela Polícia Militar, a Associação de Moradores da Favela do Moinho conquistou um acordo inédito com o governo federal, garantido moradia subsidiada em R$250 mil às famílias que deixassem a favela.

Desde então, porém, os moradores têm esbarrado em entraves ao cumprimento do acordo. Um deles é a dificuldade de encontrar apartamentos habitáveis no centro de São Paulo dentro da faixa subsidiada. A maior parte das unidades oferecidas têm entre 25m² e 35m². 

Cíntia morou por 19 anos no Moinho. Entre as coisas de que teria que abrir mão para seguir vivendo no centro da capital paulista está cozinhar, uma de suas paixões. Boleira de mão cheia, ela administrou uma padaria dentro do Moinho nos últimos dez anos.

Para a última festa do dia das crianças na Favela do Moinho, a padeira assou um bolo de metro distribuído para boa parte da comunidade. 

No último 12 de outubro, aconteceu a última Festa das Crianças na Favela do Moinho, tradicionalmente organizada pela Associação de Moradores. Do bolo preparado por Cintia, sobraram apenas migalhas. Crédito: Arquivo Pessoal

Mas além do trabalho na padaria, Cintia também cozinhava para a família em sua casa, que tinha sala, quarto e uma cozinha espaçosa. 

Crédito: Arquivo Pessoal

Cintia tem três filhos adultos, e atualmente vive com a mãe e seu sobrinho, de 16 anos. Na kitnet oferecida pela CDHU à sua família eles não teriam direito a aposentos, a espaço para utensílios ou mesmo para receber amigos em casa. 

Para completar, Cíntia não poderia sequer assar bolos, uma vez que fornos a gás são proibidos em kitnets sem divisão de cômodos. O apartamento em questão viria com um fogão elétrico de duas bocas embutido, conhecido como cooktop

“Tiveram a coragem de olhar na minha cara e falar que eu teria de abrir mão das minhas coisas. Claro que eu não ia fazer isso”, protestou a padeira.

A família de Cíntia optou por se mudar para uma casa de 75m² em Sorocaba, interior de São Paulo, uma vez que o subsídio de moradia funciona por meio de uma carta de crédito da Caixa Federal, que pode ser utilizada em todo o estado.

O caso não é exceção. Grande parte das famílias do Moinho está deixando o centro de São Paulo e se mudando para a periferia da capital, para o interior ou para o litoral do estado.

Para continuarem a viver no centro expandido de São Paulo, onde há décadas trabalham, estudam, e criam seus vínculos, as famílias removidas da Favela do Moinho denunciam que estão sendo pressionadas a aceitar apartamentos minúsculos que têm se multiplicado pela capital.

O Joio debateu o boom desses apartamentos no Prato Cheio, nosso podcast. O episódio Comensalidade em 10m² denuncia como o fenômeno de empreendimentos entre 10 e 30m² driblam requisitos para a construção da moradia popular.

O episódio analisa como a moda impacta a principal área de cobertura do Joio: a alimentação. Isso porque o Guia Alimentar para a População Brasileira, documento do Ministério da Saúde, orienta que cozinhar e comer em ambientes apropriados e em companhia, prática impossibilitada nas kitnets, faz parte da garantia de uma alimentação saudável.

As falsas Habitações de Interesse Social

O boom de apartamentos minúsculos na capital paulista está sendo investigado pela Câmara Municipal de São Paulo, que abriu uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Habitação de Interesse Social (HIS). 

As HIS são construções previstas no plano diretor de São Paulo para atender famílias de baixa renda. Entretanto, a legislação paulistana falha ao não estabelecer critérios para garantir que essas moradias atendam de fato essa população, deixando decisões fundamentais – como o tamanho mínimo dos empreendimentos – na mão do mercado, que tira vantagem da brecha.

É o que explica Isadora Guerreiro, professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP) e co-coordenadora do Laboratório Espaço Público e Direito à Cidade (Labcidade). 

“Isso começou com a prefeitura de São Paulo fazendo uma compra em massa de unidades habitacionais prontas do mercado, que não tinham nada a ver com política pública”, explica. Enquanto a construção civil não parou durante a pandemia, entrando em crise com a redução de vendas, o município enfrentava muitos problemas habitacionais, e decidiu juntar o útil e o agradável.

A Secretaria Municipal de Habitação (Sehab), em parceria com a CDHU, comprou uma série dessas unidades prontas no centro da cidade, com o objetivo de destiná-las às famílias oriundas de favelas e cortiços. “Mas que empreendimentos são esses?”, questiona Isadora. 

Diferente do programa federal Minha Casa, Minha Vida, que também delega ao mercado a construção de unidades habitacionais, mas estabelece parâmetros como o número mínimo de aposentos, o programa municipal paulistano estabeleceu apenas o preço pelo qual as unidades deveriam ser vendidas. 

Como resultado dessa falta de regulamentação, para se enquadrar no critério do preço baixo em bairros valorizados, as construtoras constroem kitnets que não atendem às necessidades de famílias de baixa renda, fazendo-as passar por HIS. O Labcidade tem denunciado o  fenômeno, apelidado de “fake HIS”.

Embora as construtoras recebam benefícios e incentivos públicos para a construção das unidades, os apartamentos estão, na realidade, sendo vendidos a investidores que os alugam para perfis muito específicos de trabalhadores solteiros de classe média, ou para aluguel de temporada via plataformas. Um perfil que não precisa cozinhar para uma família. É essa fraude que está sendo investigada pela CPI das HIS. 

No entanto, ainda que sejam destinadas às famílias de baixa renda, como é o caso dos empreendimentos que têm aceitado a carta de crédito dos moradores do Moinho, eles seguem com uma estrutura inadequada para o público alvo das HIS.

“É um absurdo que a CDHU e o município comprem esse tipo de unidade, porque elas evidentemente não estão de acordo com as necessidades da política habitacional”, afirma a professora da FAU-USP. 

Para Isadora, a atual política habitacional da Prefeitura Municipal de São Paulo “entende habitação como mercadoria”, o que gera uma série de problemas. 

“Você cria um problema de segregação imenso com esse tipo de política, vai levando  a uma situação na qual é priorizado quem é mais simples de ser atendido, que geralmente é o homem solteiro, enquanto as mulheres, às vezes mães solo de muitas crianças, acabam se mudando para a periferia ou pro interior”, avalia. 

O empreendimento Tons do Brás, no bairro homônimo, é um dos que recebeu mais moradores do Moinho no centro expandido. No começo de dezembro, Willian Firminon, ex-morador do Moinho que trabalha em um hospital na região central, se mudou para um apartamento de 29m² na unidade.

O preço do m² desses apartamentos é maior que R$7 mil, o que enquadra as unidades na lista de “fake HIS” denunciadas pelo Labcidade.

Planta da kitnet de 29m2 do Tons do Brás – Crédito: Reprodução

“Eu peguei o que apareceu, pensando que não poderia morar longe”, conta. Willian considera que a kitnet, que “o pessoal chama com o nome chique de studio“, é pequena até para ele, que morava sozinho no Moinho desde o falecimento da mãe.

Uma dificuldade que ele encontra com o tamanho limitado do apartamento é utilizar seus próprios móveis ou comprar móveis modulados para a cozinha. “Não vai caber, tem que gastar uma grana para poder planejar”, lamenta.

Rosângela Aparecida Michelle, faxineira do C6 Bank e ex-moradora do Moinho, se tornou vizinha de Willian no Tons do Brás no início de dezembro. Ela é mãe de quatro filhos, mas na comunidade vivia apenas com um deles, de 21 anos, em uma casa de madeira maior do que o atual apartamento. 

Rosângela afirma não ter privacidade nenhuma na unidade. Ela conta ter tentado conseguir um apartamento com dois quartos, mas ouviu que “não tinha como”. “A gente já achava que não ia ganhar nada, então pega o primeiro que vem, sabe?”, conta. 

A faxineira toma café da manhã e almoça na empresa onde trabalha, mas costuma cozinhar o jantar em casa. Ela está insatisfeita com o cooktop de duas bocas. “Não deixaram levar fogão”. 

Máquinas de lavar também eram proibidas no empreendimento, que conta com lavanderia coletiva. Rosângela conta, porém, que a administração do prédio cedeu e autorizou o eletrodoméstico após os moradores demandarem em assembleia.

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“Se a gente ficasse procurando, a carta venceria e a gente iria pra rua”

A ausência de área de lavanderia é o principal incômodo da também faxineira  Margarida Luzia de Moraes em relação ao seu futuro apartamento. Ela e o marido, o vigília Fernando Antônio Silva, moraram no Moinho por 21 anos. 

Eles se mudaram de Pernambuco para São Paulo em 2004 e viveram por alguns anos em uma casa de madeira na favela. Quando Margarida engravidou pela primeira vez, decidiram construir uma casa de alvenaria, onde criaram Eduardo, de 18 anos, e Henrique, de sete. O terreno tem cerca de 90m². 

“Um mutirão de amigos e familiares ajudou a construir, compramos tijolo por tijolo. Não foi fácil”, lembra Fernando. 

Em setembro, a família foi pressionada a deixar a casa, que foi descaracterizada pela CDHU. O termo descreve a demolição parcial que impede que as moradias sigam servindo de habitação. 

Fernando Antônio Silva dentro de sua casa descaracterizada pela CDHU no Moinho –  Foto: Julia Dolce

Para se manterem no centro, onde o casal trabalha e os filhos estudam, eles conseguiram encontrar um apartamento de apenas um quarto no Conjunto Habitacional (Cohab) Parque do Gato, no Bom Retiro. Os meninos estão dormindo em colchões na sala. 

O aluguel é pago pelo auxílio-aluguel ampliado, de R$1.200, também acordado com o governo federal, mas a família está tendo que completar o valor do condomínio do próprio bolso. Eles não encontraram locação mais barata na região. 

“O auxílio-aluguel é outra política absurda, porque funciona nesse esquema de emergência, que envolve tirar as pessoas da frente da obra e colocá-las em situação de maior risco do que estavam anteriormente”, avalia Isadora Guerreiro. 

A família já assinou um contrato para acessar sua moradia definitiva, um apartamento de 34m² do empreendimento Portal Pacaembu, que ficará pronto para mudança apenas em maio do ano que vem. Fernando conta que também se sentiu pressionado a aceitar a unidade.

“Eu batalhei para encontrar um empreendimento que fosse do nosso agrado. Porém, fui obrigado a aceitar a proposta, porque o corretor falou que era o único apartamento que restava, que estava tudo muito concorrido. Se a gente ficasse procurando, a carta [de crédito] venceria e a gente iria pra rua”, explica. 

Para Fernando, o objetivo do governo é apenas expulsá-los da região. “Tirou dali e não garantiu nada, já era”. 

Margarida na cozinha do seu apartamento alugado na Cohab Parque do Gato – Foto: Julia Dolce

O apartamento adquirido pela família terá dois quartos, mas será menor do que o alugado na Cohab. Margarida, que cozinha para a família todos os dias, sabe que a maior parte de seus utensílios não caberão no novo apartamento. Ela não se conforma com a falta de tanque e de espaço para estender roupa.

Segundo Isadora Guerreiro, as unidades construídas pelo mercado não são pensadas para famílias morarem. “O lugar da casa como um espaço familiar importante, em que se criam relações, em que se tem uma cultura, e em que o comer faz parte dessa dimensão afetiva e cultural, não existe mais”, avalia.

São diversos os relatos de insatisfação com o tamanho e a qualidade da infraestrutura das unidades habitacionais oferecidas aos moradores do Moinho. Moradores que se mudaram para a periferia denunciam problemas hidráulicos e elétricos nas unidades adquiridas, recém construídas. 

Há também relatos de entraves burocráticos. Um levantamento do Saju Cidade, extensão popular da Faculdade de Direito da USP, mapeou pelo menos 17 casos de famílias cujo cadastro na CDHU, exigência para o acesso à carta de crédito da Caixa, foi indeferido. Outras famílias não estão encontrando habitações que aceitem a carta de crédito do governo. Das famílias cadastradas na CDHU, 133 ainda seguem morando no Moinho.

A família de Fernando e Margarida tinha outra casa no Moinho. Comprada há quatro anos para Henrique morar quando completasse 18, ela estava sendo reformada. Como o cadastro da CDHU só é realizado em nome de maiores de idade, eles não conseguiram cadastrar a casa a tempo.

A casa foi demolida no dia 2 de dezembro, um dia antes do aniversário de 18 anos de Henrique, e a família perdeu o valor investido. Agora, Fernando tenta resolver a situação com apoio da Defensoria Pública. “A vizinha falou que eles chegaram lá, jogaram as coisas no caminhão, arrebentaram a casa e foram embora”, revela. 

Liziane Ferreira, que vive no Moinho com o marido e com os dois filhos, também vive uma situação específica. Ela assinou um contrato pelo Quinto Andar para adquirir um apartamento de 27m², mas desistiu porque decidiu procurar um apartamento maior. 

“Agora querem que eu pague uma multa de R$12 mil. Falei que não tenho esse dinheiro para pagar, que sou beneficiária do governo”, afirmou. Ela também tenta solucionar o caso com apoio da Defensoria Pública. 

Com os obstáculos enfrentados, muitas famílias ainda não deixaram a favela, e estão convivendo com os riscos causados pelas ruínas das demolições e descaracterizações.

“Não houve nem tempo para eles pensarem a respeito”

O  acordo firmado entre o governo federal e os moradores do Moinho é inédito, sendo baseado na legislação que autorizou as compras de residências às famílias desalojadas pelas enchentes de 2024 no Rio Grande do Sul. O caso do Moinho é o primeiro em que o governo garante subsídio total a moradores removidos de uma favela. 

Ainda assim, para Isadora Guerreiro, as diferentes instâncias governamentais poderiam ter aplicado políticas que garantissem menor vulnerabilidade aos moradores expulsos.

Um caminho possível, analisa a urbanista, seria uma produção habitacional específica, construída em conjunto com a comunidade a partir de suas necessidades, com a retirada dos moradores apenas depois que o projeto estivesse pronto, política conhecida como “chave a chave”.

A Associação de Moradores da Favela do Moinho chegou a desenhar um plano urbanístico que mostrava ser plenamente possível construir o projeto de estação de trem e parque de Tarcísio, bem como unidades habitacionais para todos, dentro do próprio território ocupado pela favela. O  projeto não foi considerado.

Projeto elaborado pela Associação de Moradores da Favela do Moinho que contempla a construção de uma estação de trem, de um parque, além de unidades habitacionais e aparelhos culturais para os moradores da favela. – Crédito: Reprodução

“Demandaria tempo, organização e vontade por parte do governo. A questão é que não houve nem tempo para eles pensarem a respeito de se construir essa alternativa. A urgência leva a situações de pegar o que tem à mão. A coisa no Moinho virou de outro jeito, virou a dimensão da criminalização, do debate eleitoral e de passar trator por cima”, denuncia a professora.

Isadora se refere à intensa violência policial e à pressão política que, no último ano, colocou o Moinho no centro da corrida presidencial de 2026.

Em paralelo à remoção das famílias do Moinho, Tarcísio já havia anunciado, em março de 2024, a destruição dos quarteirões vizinhos à favela para a construção de uma esplanada para a mudança da sede do governo estadual, por meio de parceria público-privada (PPP). 

O projeto, que ganhou o nome de PPP Campos Elíseos e atualmente encontra-se em fase de leilão, compõe a narrativa de “revitalização do centro de São Paulo” que dá o tom não apenas das políticas do governo municipal de Ricardo Nunes (MDB), mas também do projeto eleitoral de Tarcísio, pré-candidato à presidência.

No rastro dos projetos anunciados, os governos estadual e municipal deflagraram uma série de operações na principal cena aberta de uso de drogas de São Paulo, conhecida como Cracolândia, localizada a alguns quarteirões do Moinho. 

Junto à demolição da favela, no último ano, os governos intensificaram as operações policiais também dentro do Moinho. Nunes chegou a definir o Moinho como “quartel general da Cracolândia”,  estigmatizando seus moradores. 

Em 8 de setembro deste ano, as principais lideranças da Associação de Moradores da Favela do Moinho, Alessandra Moja e Yasmin Moja – responsáveis pela conquista de uma série de direitos ao longo de décadas, incluindo o acordo de moradia com o governo federal – foram presas em uma operação que deteve outros sete moradores do Moinho. 

Elas foram acusadas de integrarem o tráfico de drogas na comunidade. Suas defesas alegam inocência, e Alessandra denuncia ter sido forjada e torturada por policiais. 

Na última sexta-feira (19), o ex-educador físico Felipe Petta foi executado em outra operação da Polícia Militar no Moinho. Ele vivia na comunidade há dez anos. A Secretaria de Segurança Pública do estado de São Paulo (SSP-SP) alegou que Felipe foi tingido durante troca de tiros. No entanto, vizinhos que testemunharam a ação contestam a narrativa, afirmando que a vítima não tinha arma de fogo e que foi assassinado por policiais dentro de casa com três tiros.

As testemunhas informaram também que Felipe, usuário de drogas, já havia sido agredido e jurado de morte por policiais no início da semana.

A pressão da truculência policial também tem pressionado a mudança de moradores para os apartamentos impróprios. É o que conta a faxineira Rosângela, atual moradora da kitnet do Tons do Brás. 

“Tava uma guerra no Moinho, com a polícia entrando e batendo nos moradores. Teve um policial que me abordou perguntando se eu era mais uma bandidinha que morava lá. Respondi que sou trabalhadora igual a ele”, lembra.

A reportagem contatou a Sehab e a CDHU para questionar as condições de habitabilidade dos apartamentos oferecidos aos moradores da favela do Moinho, mas não obteve resposta. O espaço segue aberto para a manifestação dos órgãos.

A Caixa Econômica Federal, responsável por executar o acordo, respondeu que sua atuação se dá “exclusivamente conforme as normas e procedimentos definidos pelo Ministério das Cidades”. O órgão informou também que os beneficiários estão recebendo orientação e acompanhamento, e que cada família tem a possibilidade de buscar, dentro do teto estabelecido, uma unidade que melhor atenda sua necessidade.

O órgão informou também que tem “30 operações aptas à contratação”, com “imóveis normalmente com dois dormitórios”, sendo 29 delas localizadas no centro expandido de São Paulo.

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