Em 30 de novembro, dia que se inicia a 28ª Conferência do Clima da ONU (COP28) em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, o Joio lança uma editoria sobre colapso climático.
Essa decisão faz parte de uma reflexão sobre a necessidade de nós, como o único veículo de comunicação do país especializado em investigações sobre alimentação, entrarmos no debate sobre crise climática a partir da nossa perspectiva e olhar de cobertura. O sistema alimentar globalizado tem um dos maiores pesos nas emissões associadas às mudanças climáticas e nós não poderíamos ficar de fora.
Temos essa vontade há algum tempo, mas queríamos ter a certeza de levar a nossos leitores uma cobertura sólida e bem pensada. Passamos os últimos meses arquitetando essa cobertura e produzindo as primeiras investigações. Nesse ínterim, essa necessidade se tornou mais e mais sólida. Hoje, sabemos que a quase-totalidade do desmatamento no Brasil está associada à agropecuária. E que essa derrubada é a principal responsável pelas emissões brasileiras de gases causadores do colapso climático. Por isso, daqui por diante a nossa cobertura sobre agronegócio estará dentro dessa editoria.
Acompanharemos a agenda do clima e investigaremos o que se apresenta como solução para combater as causas do aquecimento global. Inicialmente, a nossa cobertura terá como foco dois temas principais: mercados de carbono e cadeia da carne. Faremos investigações sobre a relação dos dois temas com a agenda climática.
Nossa nova editoria surge em um momento em que há uma aposta feita pelo governo Lula na chamada economia verde e no qual a regulamentação do mercado de carbono está em vias de acontecer, por meio do PL 412/2022, aprovado em outubro no Senado e que seguiu para apreciação na Câmara dos Deputados. Ao mesmo tempo em que se prepara para sediar a COP de 2025, o Brasil segue a priorizar o agronegócio em obras de infraestrutura, renúncia fiscal e financiamento público – e não parece haver qualquer discussão sobre como realizar uma mudança profunda nessa correlação.
Ainda sem regulamentação, o mercado voluntário de carbono preocupa vários procuradores do Ministério Público Federal, que apontam casos de assédios nas relações entre empresas e comunidades tradicionais, como expõe a primeira reportagem da nossa editoria. Nela, contamos a história de uma empresa de carbono, a Amazon Carbon, que anunciou em sua página um projeto em terras quilombolas no Pará sem que houvesse o aval de parte da comunidade.