Uma década após o nascimento da Política Nacional de Resíduos Sólidos, eliminamos mal o que consumimos e ainda estamos entre os países campeões na produção de plástico.
O Brasil é um dos maiores produtores de lixo do mundo e está entre os quatro maiores fabricantes de plástico do planeta. Entre pinças para pipoca, falta de planejamento para o fechamento de lixões – cuja morte está decretada para agosto – e exclusão social dos catadores (parte essencial para a solução do problema), o país completa uma década de criação da Política Nacional de Resíduos Sólidos sem avanços concretos em relação ao manejo do que descarta.
Os fabricantes de alimentos e bebidas lideram o consumo de embalagens plásticas no Brasil: quase um bilhão de toneladas ao ano – o equivalente a 850 estátuas do Cristo Redentor, que não podem ser varridas para debaixo do tapete. Em termos mundiais, os responsáveis são semelhantes: a Coca-Cola é a maior geradora de poluição plástica do mundo, seguida de outras grandes corporações, como Unilever e Nestlé.
Essas embalagens são, antes de tudo, escolhas que fizeram por nós. São as empresas que decidem se o refrigerante vai na lata ou na garrafa, de vidro ou de plástico. Se não existir legislação que oriente essa escolha, quem vai fazer isso é o mercado, que regula os preços das matérias-primas.
Entender a situação em que o Brasil se encontra em relação a seus dejetos é escalar também uma montanha de dados conflitantes ou imprecisos. De acordo com o Diagnóstico do Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos, elaborado pelo Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), o país produziu mais de 65 milhões de toneladas de resíduos em 2019. Nesse ano, 66,6% dos municípios brasileiros participaram da coleta de dados.
Em contrapartida, dados da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) apontam que, no mesmo período, o Brasil gerou 79 milhões de toneladas de resíduos orgânicos e inorgânicos – plástico, papel, vidro e metal são os mais comuns. O levantamento da associação, porém, não deixa explícito o tamanho da amostragem de municípios.
Sejam 79 milhões ou 65 milhões de toneladas, os números apontam para uma quantidade enorme de lixo para um país que abriga cerca de 200 milhões de habitantes. São em média 379 quilos por pessoa, ao ano, de acordo com os dados da Abrelpe.
Em escala global, a população brasileira representa menos de 3% dos habitantes, mas é responsável por 4% da geração mundial anual de resíduos, segundo o relatório “Waste Generation and Recycling Indices 2019” (Índices de Geração e Reciclagem de Resíduos), da Verisk Maplecroft – uma empresa privada de levantamento de dados e análise de resultados.
Também de acordo com esse estudo, os EUA são responsáveis por produzir 239 milhões de toneladas anuais. Embora tenham apenas 4% da população mundial, respondem por aproximadamente 12% de todo o lixo existente no planeta, o que os coloca como “os maiores contribuintes para o problema do lixo”. Em média, cada cidadão estadunidense produz 773 quilos de lixo por ano.
O problema se agrava quando o lixo produzido pelos EUA extrapola o território nacional. A exportação de contêineres para países pobres – como Malásia e Taiwan – é uma prática muito comum entre as nações acima da linha do Equador, como Estados Unidos, França e Reino Unido. De dezembro de 2019 a fevereiro de 2020 chegaram à costa sul do Brasil mais de mil toneladas de lixo tóxico que vieram clandestinamente dos vizinhos americanos, segundo reportagem da Carta Capital.
Sudeste no comando
Os números brasileiros não batem, mas no que ambos levantamentos nacionais coincidem é que o Sudeste, sozinho, foi responsável por quase metade da geração de lixo no país.
Vale dizer que essa região também se destaca no ranking das que mais consomem ultraprocessados, que geralmente são embalados em plástico, vidro, alumínio, papel, isopor, aço ou pacotes que combinam esses materiais. A Pesquisa de Orçamentos Familiares, feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que nas regiões Sul e Sudeste, especialmente entre as famílias com maior renda, alimentos ultraprocessados já representam mais de um quinto do total de calorias adquiridas.
De acordo com o MDR, parte dos resíduos coletados no Brasil não tem a destinação adequada – cerca de 25% acaba em lixões ou aterros controlados, que não recebem impermeabilização do solo e, por vezes, não têm sistema de dispersão de gases e tratamento do chorume. A coleta custou R$ 24 bilhões ao país em 2019, mas o ministério diz que o valor cobre somente 57,2% dos custos.
Em muitos lugares o lixo não é sequer coletado. Quase 10% dos municípios brasileiros não são atendidos pela coleta domiciliar, de acordo com o Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab).
O lixo com que nos deparamos em uma caminhada pelo quarteirão, ou em um final de semana na praia, são embalagens destinadas ao esquecimento. Em 2019, mais de seis milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos deixaram de ser coletados, segundo a Abrelpe.
Essas lacunas são do tamanho dos problemas que não foram resolvidos na execução da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), aprovada em 2010 pelo Congresso Nacional e sancionada pelo então presidente, Luiz Inácio Lula da Silva.
Naquela época, a palavra de ordem era “responsabilidade compartilhada”, ou seja, empresas, governos e sociedade tinham um papel a cumprir na gestão do lixo. Mas nesses 11 anos muita coisa virou letra morta. Hoje as fabricantes de bebidas e alimentos ultraprocessados são as maiores responsáveis pela produção de lixo plástico no mundo. E ninguém, no planeta, sabe o que fazer com tudo isso.
Não só eliminamos mal o que consumimos, também estamos entre os campeões de fabricação de um dos tipos de lixo mais nocivos, o plástico: o Brasil é o quarto país que mais produz o material no mundo, informa o Atlas do Plástico. A publicação é da Fundação Heinrich Böll, organização política sem fins lucrativos.
De acordo com o Atlas, produzimos mais de 11 milhões de toneladas de plástico ao ano, para todos os setores de bens e serviços. O volume reciclado não chega a 150 mil toneladas, menos de 2% do total.
No quesito produção de lixo plástico, o Brasil está atrás somente da Índia (19,3 milhões), da China (54,7 milhões) e dos Estados Unidos, país campeão nesse ranking, já que chega a produzir 70,7 milhões de toneladas anualmente.
De acordo com o Sindicato Nacional das Empresas de Limpeza Urbana (Selurb), a não reciclagem do plástico causa perdas de R$ 5,7 bilhões anuais para o Brasil – o equivalente a uma parcela de auxílio emergencial de R$ 600 para 9,5 milhões de pessoas.
Quem pariu Mateus que o esqueça
Se você não faz parte da geração millenial certamente se lembra de quando o refrigerante só existia nas embalagens de vidro. A Coca-Cola escolheu implementar as garrafas PET no Brasil em 1978 e, de lá para cá, essa embalagem é a que mais circula no mercado.
Em 2010 a gigante de bebidas retomou a opção em plástico rígido, retornável, assim como sua “prima retrô”, a envidraçada, que também está voltando ao mercado aos poucos. Em 2018 as embalagens retornáveis representaram 21% das vendas totais de refrigerantes da multinacional no Brasil. “A mudança de comportamento do consumidor, que passou a valorizar variáveis ambientais, levou a Coca-Cola Brasil a enfatizar os fatores sustentáveis do produto”, diz o relatório da empresa.
Dona de 25 marcas no mercado brasileiro, ela é a maior produtora de embalagens plásticas do mundo. De acordo com o Atlas do Plástico, das fábricas da companhia saem 3 milhões de toneladas ao ano – desta vez, o peso de 2.620 estátuas do Cristo Redentor. Traduzindo em miúdos, são mais de 160 mil garrafas descartáveis produzidas globalmente por minuto.
— Traduzindo em miúdos, são mais de 160 mil garrafas descartáveis produzidas globalmente por minuto.
Logo em seguida, no ranking das maiores poluidoras de plástico entre as indústrias de bens de consumo, vem a Nestlé, que produz 1,7 milhão de toneladas ao ano. Danone e Unilever aparecem logo depois, com 750 mil e 610 mil toneladas respectivamente.
Consultada sobre essa produção, a Coca-Cola enviou ao Joio seu relatório de sustentabilidade, no qual estabelece a meta de coletar e reciclar 100% das embalagens que chegarão ao mercado mundial até 2030.
A Nestlé informou por e-mail que vem desenvolvendo novas embalagens para reduzir o uso de plástico, por exemplo, substituindo canudos desse material por canudos de papel. A empresa afirma estar trabalhando em prol da reciclagem e diz que “busca promover a mudança de comportamento dos consumidores, educando, engajando e mobilizando o cidadão, contribuindo para uma mudança duradoura e impactante”.
Mas tanto a Coca quanto a Nestlé não informaram a quantidade de embalagens que colocam no mercado brasileiro, quanto coletam e quanto reciclam. Tampouco como farão para garantir que suas garrafas e pacotes, que hoje acabam em rios, mares, florestas, becos e vielas, sejam recolhidos.
Danone e Unilever não responderam à reportagem.
— "O modelo de negócio de compra, uso e descarte é sempre mais barato para essas corporações porque alguém está pagando a conta pelos resíduos que elas criam".
“Por trás do véu de boas iniciativas e compromissos”, essas e outras multinacionais vêm minando soluções legislativas para a crise dos resíduos, em especial dos plásticos, indica o relatório “Talking Trash”. A investigação abrange 15 países, de cinco continentes, e elenca táticas que se repetem, mas com posicionamentos que podem mudar de acordo com a maré, aponta o material: “O modelo de negócio de compra, uso e descarte é sempre mais barato para essas corporações porque alguém está pagando a conta pelos resíduos que elas criam”.
Muitas dessas táticas também fazem parte do modus operandi da indústria no Brasil, segundo as estratégias apontadas pelo relatório:
Manual do guerrilheiro corporativo
- Atrasar: É a primeira opção quando uma legislação é proposta. É uma estratégia mais sutil e que dá mais tempo ao lobby. Mesmo quando no fim é inevitável a aprovação da legislação, garantir atrasos na tramitação pode proteger os lucros por mais tempo. Para isso, as empresas retêm e manipulam dados, assumem compromissos voluntários – que em muitos casos são apenas promessas que geram manchetes – e, se nada der certo, tentam enfraquecer a implementação da legislação.
- Distrair: Abrange qualquer atividade projetada para difundir a ideia de que uma mudança real está acontecendo, enquanto as empresas continuam a inundar o mercado de embalagens. Por exemplo: as empresas assumem compromissos voluntários para tornar suas embalagens 100% recicláveis ou reutilizáveis, mas na prática o material não é reciclado. Também soluções aparentemente “verdes” (como plásticos biodegradáveis) ou tecnológicas (como reciclagem química); a produção de estudos que se transformam em armas de influência e a culpabilização do consumidor também entram nesse pacote.
- Minar: Enquanto atrasam e distraem, as empresas buscam oportunidades de inviabilizar a introdução de legislações mais rígidas ou desfavoráveis aos negócios. Muitas companhias da cadeia de suprimentos de plástico têm representantes em tempo integral fazendo lobby junto a tomadores de decisões, seja de forma direta ou por meio de grupos aparentemente independentes. Também entram no pacote as batalhas jurídicas, as tentativas de tornar a legislação mais superficial e, mais recentemente, a cooptação da pandemia, usada como desculpa para atrasar a implementação de leis.
Fonte: Talking Trash
Duas das estratégias apontadas no “manual” são facilmente detectáveis: a culpabilização dos consumidores – tática que começou a ser arquitetada nos anos 50 e vem se lapidando com o tempo – e o foco na reciclagem como principal solução dos problemas que vêm da produção e do consumo desenfreado de embalagens em geral. O problema é que na verdade muitos desses materiais não são de fato reciclados, por falta de investimento ou mercado.
A catadora de materiais recicláveis e coordenadora do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR), Aline Sousa da Silva, conta que um dos materiais menos viáveis para a reciclagem é o BOPP, aquela embalagem metalizada por dentro, largamente utilizada pela indústria de ultraprocessados para armazenar biscoitos, salgadinhos, chocolates. “Nos procuraram agora, via rede, para oferecer 20 centavos no quilo, mas para transportar para outro estado. Você já imaginou a cooperativa ter que fazer 40 fardos dessas embalagens para mandar por 20 centavos para outro estado? Se torna inviável”.
E eu com isso?
Que atire a primeira pedra quem não pediu comida sequer uma vez durante a quarentena. Você pegou o celular e, por meio de um aplicativo, escolheu uma refeição. Ela foi preparada por mãos – geralmente – desconhecidas e entregue por trabalhadores terceirizados igualmente anônimos. Provavelmente você também não conhece o gari ou catador que daqui a algumas horas recolherá sua sacola cheia de resíduos do lanche. E o destino final dela é incerto.
O delivery vem crescendo a passos largos. Um relatório do Instituto Foodservice Brasil (IFB) mostra que essa é uma tendência mundial: a modalidade cresceu 23% entre 2018 e 2019. Em Belo Horizonte (MG), teve um salto de mais de 7.000% entre 2008 e 2018. Com a pandemia, é fácil supor que essa curva de crescimento disparou.
Se os pedidos aumentam, a quantidade de resíduos gerados pelo serviço também cresce. São pilhas e pilhas de embalagens individuais – comumente de isopor, para manter a temperatura; de sachês, para molhos; e de sacolas plásticas. Esses envoltórios são de uso único, em sua maioria. Você retira o conteúdo e joga “fora”.
Não é à toa que já tem aplicativo de delivery aderindo ao manual de táticas das grandes corporações. O iFood anunciou, no final de março, em noite de prova do líder no “Big Brother Brasil”, que a empresa, nas palavras do apresentador Thiago Leifert, “quer acabar com a poluição plástica do seu delivery e se tornar neutro na emissão de carbono até 2025”.
Mas o plano, chamado de iFood Regenera, é genérico. A empresa explica em seu site que para atingir a meta vai incluir no aplicativo a opção – para o consumidor – de não receber plásticos de uso único, como os talheres, além de criar um robô que tira dúvidas sobre separação do lixo e descarte, através do Whatsapp; fomentar o uso de embalagens sustentáveis pelos restaurantes e investir em sistemas de reciclagem e modais de entrega não poluentes.
Geralmente nossa participação nessa cadeia, como consumidor, fica limitada entre o varejo e a lata de lixo. O acesso dos consumidores aos “bastidores” do alimento – seja na hora de produzir ou de descartar – é dificultado pelas relações cada vez mais globalizadas do setor. É como funciona a dieta neoliberal, que nos subordina a uma dúzia de corporações que dominam o mercado mundial.
Em estudo sobre a relação que existe entre as práticas alimentares urbanas e a subjetividade, (R)existências alimentares: Investigando modos de produção de subjetividade através das práticas alimentares na cidade contemporânea, a autora, Camila Caires Craveiro, diz que “o modo como nos aliamos ao acesso e produção de nosso alimento está relacionado ao modo como produzimos/fomos produzidos por um contexto de vida cotidiana e por uma estrutura político-econômico-social determinada para viver”. Ou seja, a lógica na qual estamos inscritos não dá muita margem a escolhas.
É certo que nos acostumamos com a praticidade que o descartável traz. Essas embalagens viraram sinônimo de modernidade e emancipação da cozinha, discursos muito reforçados pela indústria de alimentos e bebidas. Isso legitima o consumo descontrolado de resíduos sólidos, principalmente dos utensílios feitos de plástico, como os canudinhos e a polêmica pinça de pipoca, que surgiu no Rio de Janeiro.
Craveiro lembra que nos “tornamos meramente consumidores dos modos de vida desta cidade que, em completa vinculação aos interesses do capital, se mantém pela própria produção do excedente e da geração de novos modos de vida que possam absorvê-lo”.
A história é longa
Antes dos deliverys, tínhamos outras alternativas para atender a falta de tempo para cozinhar. Comida congelada a um clique do prato está nos supermercados há décadas, “um exemplo de produtos que poupam serviço e facilitam o trabalho doméstico”, diz Rosa Wanda Diez Garcia, autora do artigo “Reflexos da globalização na cultura alimentar: considerações sobre as mudanças na alimentação urbana”.
A partir da abertura de mercado, na década de 90, houve um crescimento considerável nas importações de alimentos no Brasil, e os congelados se consolidaram nas prateleiras. “A opção por facilidades que poupam tempo de preparo e diminuem a frequência das compras é característica do comensal urbano contemporâneo”, afirma Garcia.
Nem os alimentos in natura escaparam da “plastificação”. Mais recentemente, começaram a fazer parte das câmaras frias verduras, frutas e legumes pré-cortados ou pré-cozidos. Adivinha? Tudo embalado em plástico e isopor.
O papel de cuidar da alimentação é então assumido pela indústria que, de tempos em tempos, lança novos produtos que prometem boa nutrição e praticidade.
“O alimento industrializado significa o acesso ao produto da modernidade, largamente alimentado pelo marketing da indústria alimentícia”, escrevem os autores do artigo “As transformações alimentares na sociedade moderna: a colonização do alimento natural pelo alimento industrial”. Além disso, para sentir-se pertencente ao ideário moderno – assinalam Tatiana Balem, Ethyene Alves, Juliano Coelho e Andressa Mello –, os indivíduos consomem, e “o ato do consumo está carregado de uma soma de virtudes que a modernidade louva: autonomia, racionalidade, capacidade de decisão e autoafirmação”.
Quando falamos do aumento exorbitante do consumo e da geração de embalagens de alimentos, não é possível descolar essa realidade do crescimento em disparada das chamadas “grandes superfícies”, a partir da década de 70. É o que o livro Donos do Mercado, recém-lançado pela Editora Elefante em parceria com o Joio, traz à tona: “Entender essa transformação do ambiente alimentar e do espaço que os alimentos ultraprocessados ocupam em nossas vidas passa fundamentalmente pelos supermercados.”
Essas lojas, que vendem entre 30 e 50 mil itens diversos, são o espaço intermediário, não estão no começo da cadeia e tampouco são responsabilizadas pelos resíduos gerados. Ao mesmo tempo, têm um poder determinante na formação de hábitos e mercados.
A desvinculação brutal entre o consumidor e o produtor da comida que chega à mesa; a mediação feita muitas vezes por um ator forçosamente visto como neutro; falta de transparência do poder público; marketing agressivo da indústria para vender modernidade em forma de embalagem descartável; sobrecarga da mulher nas tarefas domésticas. Essa arquitetura de fatores, segundo autores, pesquisadores e vários dos entrevistados para esta reportagem, tem reverberado na não-preocupação com o descarte desses resíduos. O que importa é que o lixo seja retirado das vistas e das calçadas, trabalho feito com um anonimato indispensável à cadeia.
O relatório “Talking Trash” recorda que a indústria joga o peso da responsabilidade para o lado mais fraco dessa corda – o consumidor. Também de acordo com o estudo, um passo importante para identificar onde reside a verdadeira responsabilidade é reconhecer que, até certo ponto, só podemos agir de forma tão sustentável quanto o sistema permitir. A redução de plásticos não deve ser apenas responsabilidade do consumidor, mas sim parte de uma mudança sistêmica liderada por legisladores e implementada por empresas.