Levantamento realizado pelo Idec a pedido do Joio aplicou perfil de nutrientes da Opas ao portfólio da multinacional e descobriu grande quantidade de aditivos nocivos à saúde
Um levantamento inédito realizado pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor, o Idec, mostrou que 68% dos produtos da Unilever disponíveis nas prateleiras dos supermercados brasileiros em 2017 continha excesso de açúcar.
Os pesquisadores responsáveis pela análise submeteram uma base de dados com 115 produtos da empresa coletada em 2017 em cinco supermercados de diferentes regiões do país, aos critérios nutricionais estabelecidos pelo Perfil Nutricional da Organização Pan-Americana de Saúde, a Opas.
Para ser considerado alto em açúcar pela Opas o alimento ou bebida deve ter mais de 10% de seu conteúdo energético (kcal) proveniente de açúcares adicionados. No caso da Unilever, cerca de dois terços de seu portfólio ultrapassava essa linha de corte.
A Unilever foi procurada através de sua assessoria de imprensa, mas não respondeu até o fechamento da reportagem.
O levantamento também mostrou que 50,4% dos produtos da empresa seriam considerados excessivos em sódio, pelo padrão da Opas, e 48% em gorduras totais.
Para ser considerado excessivo em sal o produto deve ter 1mg ou mais de sódio por quilocaloria (kcal). No caso da gordura saturada, deve ter 10% ou mais de seu conteúdo energético proveniente de gorduras saturadas.
Ainda segundo a análise realizada pelo Idec, 43% dos produtos fabricados pela Unilever receberiam simultaneamente três alertas de conteúdo nutricional, enquanto 5% do portfólio da empresa receberia simultaneamente quatro alertas.
É o caso do sorvete de chocolate Ben & Jerry’s sabor fudge brownie, que tem alto conteúdo de açúcar livre, gordura total, gordura saturada e sódio; e da bebida de soja Ades sabor morango, que é alta em açúcar, gorduras totais, sódio e tem presença de edulcorante.
O perfil da Opas prevê seis alertas de conteúdo nutricional, que podem indicar excesso de sódio, açúcares livres (adicionados), gorduras saturadas, trans e totais, e presença de adoçantes artificiais (edulcorantes).
Mãe Terra, um caso à parte
A Unilever adquiriu a Mãe Terra em 2018, um ano após a construção da base de dados utilizada no levantamento realizado pelo Idec. A Mãe Terra tem marketing orientado para a ideia de produtos “naturais” e orgânicos.
De acordo com o levantamento realizado pelo Idec – que levou em consideração 66 produtos da empresa – 36% dos produtos da Mãe Terra disponíveis nas prateleiras em 2017 foram considerados altos em açúcar e 30% em gorduras saturadas, pelos critérios da Opas.
No total, 45% do portfólio da empresa ganhou ao menos um alerta de alto conteúdo, enquanto o restante poderia ser considerado saudável, já que não continha alto conteúdo de nenhum dos ingredientes elencados pelo PN da Opas.
O levantamento completo abrange outras sete grandes empresas da indústria alimentícia nacional – Vigor, Danone, Mãe Terra, Unilever, Mondelez e M. Dias Branco – e pode ser acessado aqui.