Fazenda dentro do território Mỹky, em Brasnorte. Foto: Typju Mỹky, Coletivo Ijã Mytyli de Cinema Manoki e Mỹky

Após reportagem do Joio, Nestlé exclui Marfrig da lista de fornecedores


Frigorífico comprou gado produzido dentro de terra indígena e em áreas desmatadas que acabaram sendo usados na cadeia de produtos da corporação suíça 

A Marfrig, um dos maiores frigoríficos do mundo, foi excluída da lista de fornecedores da Nestlé. A decisão da companhia suíça vem depois de reportagem do Joio revelar que a Marfrig comprou carne de gado criado ilegalmente dentro de terra indígena. A nova lista de fornecedores da Nestlé, publicada periodicamente no site global da companhia, exclui a Marfrig.

A reportagem de Fabio Zuker, Elisângela Mendonça e Andrew Wasley foi publicada em setembro de 2022, em parceria do Joio com o Bureau of Investigative Journalism e o The Guardian. Na época, mostramos que o abatedouro da Marfrig em Tangará da Serra havia comprado bois criados dentro da terra indígena Menku. 

A demarcação desta terra não foi concluída e é contestada judicialmente por fazendeiros. A prefeitura de Brasnorte foi ao Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar barrar a demarcação. Em virtude disso, à época a Marfrig afirmou à reportagem que apenas considera terras indígenas aquelas que receberam a aprovação da Presidência da República. 

Nossa investigação apontou também que vários dos mais de 700 fornecedores de gado da Marfrig analisados estão vinculados a mais de 150 quilômetros quadrados de desmatamento nos últimos anos. Os 700 fornecedores aos quais o Joio teve acesso são apenas uma fração do total de fornecedores da Marfrig, o que indica a possibilidade de um desmatamento ainda maior que o identificado pela reportagem.

Por e-mail, a Marfrig afirmou que não poderia responder a essa alegação sem informações mais detalhadas.

Na cadeia de suprimentos da Nestlé, a carne bovina é utilizada em papinhas para bebê, rações para animais de estimação e temperos. 

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