Comunidades do Pará denunciam empresa ligada a um grupo britânico e a um ex-PM de São Paulo que forjou contratos abusivos em áreas públicas sem conhecimento do governo e em troca de uma bolsa mensal de 130 reais
Em novembro de 2023, o pecuarista Leide Gerônimo enviou um vídeo para um grupo de WhatsApp formado por moradores da cidade e de comunidades de Portel, no interior do Pará. Nele, vê-se uma pessoa caída, muito ensanguentada e já sem movimentos, sendo esfaqueada e tendo a pele arrancada. Após a reação de susto dos participantes do grupo, o vídeo foi apagado.
A postagem se deu em um período em que os moradores das comunidades de dois assentamentos agroextrativistas de lá – Acangatá e Alto Camarapi – estavam vivendo sob extrema tensão. Um dos filhos de Leide, Welton Gerônimo, foi autuado pelo Ibama por desmatamento dentro do assentamento de Alto Camarapi, onde cria gado ilegalmente.
Como se não bastasse, um ex-policial militar de São Paulo, que se apresentava em nome de investidores dos Emirados Árabes Unidos, entrava e saía desses territórios tradicionais. Bruno Tavares da Silva buscava fazer valer os interesses desses investidores que, na época, não podiam colidir mais com os interesses das comunidades.
A essa história se junta ainda um empresário britânico – mas não um empresário qualquer. Kevin Tremain é filho de alguém condenado por um dos crimes mais famosos da história da Inglaterra, o roubo de 26 milhões de libras em ouro e em diamantes (177,6 milhões de reais em valores atualizados), seguido pelo assassinato de um detetive. E, também ele, Tremain, está envolvido num escândalo recente na Amazônia.
O que une esses três personagens aparentemente distantes são projetos de carbono assinados com pelo menos cinco comunidades rurais no interior da Amazônia paraense.
Desde 2021, quando as empresas Pará Redd e Redda+, às quais estão ligados, procuraram as comunidades e fecharam contrato com algumas delas, a história rendeu pelo menos sete processos na Justiça brasileira, milhares de páginas de documentos, ameaças e trocas de acusações. Mas nenhum crédito de carbono.
Redda+ e Pará Redd são duas empresas com registros diferentes, mas que na prática trabalham em conjunto e estão ligadas aos mesmos investidores. Elas atuam no chamado mercado voluntário de créditos de carbono, um mercado não regulado pelos governos.
Na Amazônia, os projetos desse mercado se baseiam num mecanismo conhecido como REDD+, sigla em inglês para Redução das Emissões por Desmatamento e Degradação de florestas. A ideia inicial do mecanismo, que surgiu na Organização das Nações Unidas, era recompensar países que preservam suas florestas e usar esse carbono armazenado nas árvores — que deixou de ser emitido na atmosfera pelo desmatamento ou pelas queimadas — como um crédito para compensar as emissões de gases pelos países que mais poluem.
Mas ele acabou transferido para o mercado privado, que vende o crédito a empresas que querem compensar emissões dos gases que causam as mudanças climáticas. Em tese, o crédito de carbono só pode ser gerado se o projeto provar que preserva mais a floresta – e portanto evita mais emissões por desmatamento – do que se ele, o projeto, não existisse.
Contratos de longa duração, incerteza quanto aos recebimentos e inviabilização dos modos tradicionais de vida são o pacote básico de denúncias que têm chegado ao Ministério Público, à Defensoria Pública e aos órgãos de promoção dos direitos dos povos tradicionais. Nessa espécie de garimpo do ar, o que não faltam são histórias de contratos com cláusulas abusivas.
Até o momento, não há relato de sucesso em um projeto do tipo em territórios de uso coletivo, ou seja, terras que não têm um único proprietário, como reservas extrativistas, assentamentos, territórios quilombolas e terras indígenas. Mas os casos envolvendo a Redda+ chamam a atenção pelos personagens envolvidos e pelo grau de tensão.
O ouro da Amazônia
O site da Redda+ nos conta que, “por meio de um olhar responsável e humano”, a empresa atua no ciclo completo do mercado de crédito de carbono, “empoderando pessoas que cuidam do planeta”. Mas a empresa não apresenta um único projeto de carbono que esteja em operação.
A página “Nossa equipe” tampouco diz quem trabalha no local. No LinkedIn, a Redda+ diz estar na faixa de empresas que têm entre 50 e 200 funcionários, mas apenas oito aparecem conectados ao perfil – e nenhum deles é o proprietário.
Oficialmente, a comercializadora de carbono integra três articulações que fariam dela uma empresa confiável: o Pacto Global da ONU – Rede Brasil, a Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura e a Aliança Brasil NBS – esta, uma parceria de dezenas de empresas de carbono que atuam no país. Em sua página, a Aliança afirma que “a criação de diretrizes e boas práticas para promover a integridade do setor está no centro de atuação da organização”.
Um detalhe nada irrelevante: no momento em que as negociações se iniciaram, nenhuma das duas empresas tinha CNPJ registrado no Brasil. Isso se deu apenas às vésperas da assinatura dos contratos com pelo menos cinco associações no oeste do Pará.
Para entender por que o Marajó entrou na rota do carbono, é preciso recontar o contexto dessa região. Assim como Portel, Gurupá, outro município do Arquipélago do Marajó, integra uma área bem conservada da Amazônia.
Apesar de já ocupada pelos colonizadores portugueses no século 17, e de ter sido parte de tentativas de exploração da Amazônia, a cidade não teve nenhum grande ciclo econômico atrelado ao desmatamento. Nada que se compare ao avanço da pecuária e da soja no leste do estado.
Com um pouco de sorte, o trajeto de balsa pelo Rio Amazonas entre Macapá e Gurupá leva doze horas para ser percorrido. Para quem vem de Belém, é o dobro do tempo. Ao chegar, é preciso tomar um carro e chacoalhar durante uma hora pela estrada de terra, até que se avista a água preta do Rio Pucuruí. É a vez da rabeta, barquinho a motor que faz o trajeto final até Camutá do Pucuruí, primeira comunidade do Pará a ser reconhecida em nível estadual como assentamento extrativista, em 2009.
O local fica dentro de uma área estadual de conservação, onde apenas pessoas autorizadas pelo poder público podem viver e somente atividades sustentáveis podem ser desenvolvidas pelas comunidades.
Nada disso desanimou uma empresa que comercializa carbono, a Pará Redd Projects Limited, que de Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, avistou nas árvores do Marajó uma oportunidade de negócio. O confinamento imposto pela pandemia tampouco impediu o contato com os moradores da comunidade.
“Nós tivemos quatro reuniões com eles aqui”, conta José Cândido Gomes da Silva, o Mapará. Ele é presidente da Associação dos Trabalhadores Rurais do Camutá do Pucuruí. Os encontros se deram entre 2020 e 2021. “O mais discutido era a planilha de custos. Mas o contrato, não. Assinamos. Quando fomos ver, muitas coisas que a gente havia pedido para tirar acabaram aparecendo no contrato.”
Durante a viagem de rabeta, passamos por algumas casas ribeirinhas, onde crianças brincavam na água, e por uma área recém-queimada, castigada pelo fogo trazido pela seca que atingiu a região no inverno passado. No caminho, também cruzamos com alguns búfalos pastando. Ao entrar no igarapé, a vegetação se adensa, até que atracamos em um lindo povoado.
É a comunidade de Nossa Senhora de Fátima, ainda no município de Gurupá, onde vivem 34 famílias em uma área de 17,8 mil hectares. Uma senhora segurando uma sombrinha para se proteger do sol se aproxima enquanto, ao fundo, a panela de pressão apita.
O calor é intenso e o sol ilumina as casas bem-cuidadas, com jardins floridos e uma graminha rasteira. Vamos conhecer a casa de farinha da comunidade, onde, animados, os moradores descascam mandioca do lado de fora. Do lado de dentro, outros a torram no forno.
A casa de farinha é um dos espaços que permitem ver que Nossa Senhora de Fátima funciona como uma comunidade de fato. Foto: O Joio e O Trigo.
Debaixo do galpão do centro comunitário, um morador anuncia: “O carbono é o ouro da Amazônia”. Uma frase que escutamos outras vezes. O “ouro” finalmente chegou àquelas comunidades que há séculos cuidam da mata. Quanto mais preservado, em tese, mais valioso se torna um local para as empresas que fazem a negociação entre comunidades e corporações que precisam comprar carbono por uma questão de exigência legal – o que não é o caso de companhias sediadas no Brasil, onde ainda não existe um mercado de carbono regulado –, ou, mais frequentemente, por marketing ou pressão dos acionistas.
Entre 2020 e 2021, algumas empresas de carbono chegaram aos povoados da região. A proposta da Redda+ e da Pará Redd pareceu melhor aos olhos dos dirigentes da associação do Camutá do Pucuruí.
Perguntamos a Mapará se a Redda+ explicou a eles como funciona, tecnicamente, um mercado de carbono. “Não. Isso até hoje a gente tá procurando saber. A gente pedia pra traduzir porque eles falavam que tinha que cumprir uma norma internacional. Eu não sabia que norma era essa. Precisavam traduzir pra gente entender se é verdade ou não. Essa norma nunca apareceu.”
Lábia e arrogância
Em paralelo, a empresa negociava com as comunidades em Portel, município vizinho. O resultado foi o Marajó Redd Project, firmado em 23 de outubro de 2021. Os planos iam de vento em popa para a empresa.
Oficialmente, o Marajó Redd Project era ousado e ambicioso. A conservação de 130 mil hectares envolveria quatro comunidades tradicionais de Portel, evitando a emissão de quase 12 milhões de toneladas de carbono. Seriam três comunidades extrativistas – Alto Camarapi, Acangatá e Ilha Grande do Pacajaí – e uma comunidade Quilombola – São Tomé Tauçú.
Todos os componentes do projeto eram classificados como padrão-ouro: clima, comunidade e biodiversidade. Se tudo tivesse corrido bem, teria sido o maior projeto envolvendo territórios coletivos no Brasil – abrangendo uma área maior que a da capital, Belém.
“Eles falavam que dava de 40 milhões a 80 milhões de reais (7,5 a 14,8 milhões de dólares) [para a comunidade] durante 40 anos”, contou, sob condição de anonimato, uma pessoa de uma das comunidades que acompanhou o projeto. “Só que no decorrer, depois da assinatura do contrato, eles não fizeram tudo que tinham prometido. Falavam os valores, mas cada mês eles foram cortando o valor. Cortou pela metade. Depois diminuiu ainda mais.”
Esses valores corresponderiam a um pagamento inicial realizado enquanto o projeto tramitasse pela certificadora – organizações especializadas em verificar se o projeto de carbono de fato evita emissões de gases do efeito estufa –, período no qual ainda não seria possível emitir e vender os créditos de carbono. Outras duas pessoas, de localidades diferentes, confirmam a redução dos valores, documentada também em uma troca de mensagens entre os investidores – obtida pelo Joio em uma ação judicial, como veremos a seguir.
A versão que nos foi contada em Gurupá é semelhante. Nesse caso, o contrato foi assinado no final de novembro de 2021, e é praticamente igual aos vínculos que foram firmados com as associações em Portel. Por eles, a Pará Redd torna-se titular de 100% dos créditos de carbono – em geral, as empresas que fazem os projetos de carbono ficam com um percentual dos créditos menor que o dos proprietários, privados ou coletivos, das terras. O documento não prevê como se daria o pagamento. Portanto, como titular integral dos créditos, as empresas poderiam dobrar, triplicar, quadruplicar as vendas sem que isso representasse qualquer repasse adicional aos moradores.
No caso de Camutá do Pucuruí, em Gurupá, o documento diz apenas que a Pará Redd “pretende efetuar pagamentos para a associação, enquanto provedor de serviços ambientais, na modalidade de pagamento direto, monetário e, ainda, na prestação de melhorias sociais a comunidades rurais e urbanas”.
Além disso, os moradores não seriam responsáveis pela execução dos recursos, que ficariam a cargo da Redda+, “considerando as necessidades específicas e mais relevantes das comunidades locais”. O reajuste dos valores dependeria do “engajamento das comunidades”.
“Eles falaram em pagar uma Bolsa Redda”, conta Antônio Gomes Pimentel, secretário da associação de Camutá do Pucuruí. “Era um valor bem baixo, mesmo. Coisa de 170 reais (31,7 dólares) por mês. E, quando a gente foi ver, eram eles que iriam administrar os recursos.”
Em anexo, o documento, registrado em um processo na Justiça do Pará, traz uma planilha de valores que seriam repassados nos três primeiros anos. Na verdade, o valor é ainda mais baixo que o relatado por Antônio: 130 reais (24 dólares) por família por mês. Haveria ainda um investimento mensal de 11 mil reais (2 mil dólares) na comunidade, especialmente voltado a benfeitorias: construção ou reforma de escolas e hospitais e instalação de painéis solares e poços artesianos.
A mesma promessa foi feita às comunidades do município de Portel. Conversamos com moradores de Alto Camarapi e Acangatá, que preferiram não se identificar por questões de segurança. Eles contam que o primeiro contato foi feito por Bruno Tavares da Silva, que se apresentava como dono da Redda+ e começou a ir, pessoalmente, a várias comunidades do município.
“Ele se apresentou dizendo que era uma empresa muito séria que queria fazer projetos de carbono. Foi a primeira vez que ouvi falar sobre crédito de carbono e aí fiquei meio desconfiado”, conta uma pessoa que acompanhou as discussões.
O contrato firmado com a associação de Alto Camarapi definia que, durante 40 anos, as empresas poderiam acessar qualquer parte do território, sempre e quanto quisessem. Os moradores não poderiam assinar contratos com organizações ou empresas sem a anuência da responsável pelo projeto de carbono. Além disso, cediam a elas todos os direitos autorais sobre criação, desenvolvimento e execução do projeto.
O contrato em Gurupá tampouco define as regras para um plano de uso do território: “O princípio básico da parceria é a conservação da floresta, enquanto patrimônio material e cultural imaterial, proteção contra desmatamento e queimadas ilegais, incentivo ao manejo sustentável e atividades agrossilvipastoris, de uso alternativo do solo, de forma remunerada”, descreve o documento.
Os contratos a que tivemos acesso e os documentos registrados pela Redda+ na certificadora não delimitam a área que ficaria congelada para uso do território, nem esclarecem se os moradores poderiam continuar a utilizá-lo para extração de madeira, caça e agricultura. Em um ofício de abril de 2022, a Redda+ reafirma a pretensão de emitir crédito sobre todos os 17,9 mil hectares de Camutá do Pucuruí, sem explicar como seria o plano de uso da área.
“Estava lá no contrato”, recorda Débora Coutinho Pimentel, moradora de Camutá do Pucuruí. “Quando eles [os diretores da associação] trouxeram o documento para ler pra gente, para explicar como era a situação, já estava feito. O dano foi absurdo. Então foi uma coisa que todo mundo pegou um espanto muito grande.”
Debora Coutinho conta que, ao ler o contrato, os moradores tiveram uma surpresa com as cláusulas impostas pela Redda+. Foto: O Joio e O Trigo
Os moradores contam que os representantes da Redda+ diziam ter investidores de Dubai. “Eu não participei das primeiras reuniões, mas depois de um tempo comecei a participar. O representante da empresa não deixava muito a gente falar. Ele falava mais alto, com um tipo de arrogância. E a gente começou a desconfiar”, conta Selma França Marques, moradora de Camutá do Pucuruí.
O representante da empresa era o ex-PM Bruno Tavares. Entre as fontes ouvidas em Portel e em Gurupá, também é comum o relato de que, após a assinatura do contrato, as relações mudaram. Ele já não atendia facilmente. E as pressões por parte da empresa aumentaram.
“Eles simplesmente desapareceram do mapa. Fomos desconfiando, contratamos um advogado, fomos estudar, e os erros estavam mesmo ali”, explica Débora. “Eles vêm com aquela lábia. Sabiam que a gente tinha muita riqueza, então queriam enganar a gente. Então eles falavam maravilhosamente bem. E aí o povo foi caindo na lábia deles.”
O presidente da associação de Camutá, Mapará, conta que, preocupados com o conteúdo do contrato, pegaram uma rabeta até Gurupá e, de lá, 24 horas de barco até Belém, onde Bruno tem um escritório da Redda+. “Mas ele recebeu a gente muito mal”, recorda. Procurado, Bruno não respondeu aos questionamentos da reportagem.
O que previa o contrato entre a Redda+, a Pará Redd e a Associação dos Trabalhadores Rurais do Camutá do Pucuruí
• Vínculo de 40 anos, durante o qual a comunidade não poderia firmar qualquer contrato sem a anuência das duas empresas
• As duas empresas seriam titulares de 100% dos créditos de carbono
• Elas definiriam os valores a serem repassados à comunidade, inclusive levando em conta o “engajamento”
• Ambas teriam livre acesso ao território
• Uso total do território para a geração de créditos de carbono, o que, a depender do plano de uso, poderia dificultar ou inviabilizar atividades de caça, pesca, extrativismo e agricultura
Da madeira ao ar
Depois de serem expulsas várias vezes pelos próprios moradores, madeireiras passaram, no começo do século 21, a firmar contratos para manejo legal de madeira em Gurupá. Alguns deles terminaram pouco antes da chegada das empresas de carbono.
“A madeira deu estabilidade na vida da comunidade”, ressalta Gilberto Gomes da Silva, que foi presidente da associação de Camutá do Pucuruí. “Tá certo que a gente teve perdas porque cada um recebe e faz o que consegue fazer. Mas fomos aprimorando. Casa, energia, internet.”
Se existe um aspecto sobre o qual não há consenso é o legado do projeto de madeira. Segundo os moradores, foram quatro fases de extração autorizada. Débora conta que se opôs à ideia de que o projeto fosse constantemente renovado. “Eu acho que foi uma coisa boa porque muitas pessoas construíram coisas com esse projeto. Mas é um dano para a Natureza. E, hoje, a gente está sentindo o impacto: a baixeza da água, a sequidão. Eu penso muito no meio ambiente”, diz.
“Eu pretendo deixar pro meu filho. O que a gente tem hoje foi o que os antepassados deixaram pra gente usufruir. Se eles tivessem aceitado uma empresa entrar aqui, você acha que teria o que tem hoje?”
Ao final de um ciclo madeireiro, receber pela floresta que havia sobrado em pé parecia uma ótima ideia. “A gente esperava um dinheiro igual ao da madeira”, conta Antônio Pimentel, secretário da associação. Segundo relatos de vários moradores, os valores mensais com a extração de madeira costumavam ficar entre 2 mil e 3 mil reais (372 a 560 dólares) por família.
Policiais e pecuaristas
É em torno da madeira que o Marajó Redd Project, de Portel, começa a desandar. A associação de Alto Camarapi teve a titulação reconhecida em 2019, e em seguida ingressou com um pedido na Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade do governo do Pará para poder fazer a extração legal de madeira.
“A gente colocou isso pra Redda+. Será que o projeto de crédito de carbono não vai fazer com que a gente não execute mais o manejo? Eles falaram que não, que a metodologia que estavam propondo não ia impactar, era diferente. Por isso a gente achou que era uma proposta boa. Que a vida só ia melhorar”, contou um morador que preferiu não se identificar.
Mas foi então que as associações descobriram que a empresa introduziu uma nova metodologia que as obrigava a se desfazer de projetos de manejo florestal sem consultá-las. Porém, ainda havia espaço para piorar. Em setembro de 2023, segundo esse morador, chamaram a comunidade para assinar um documento de mudança de metodologia. “Quem estivesse com manejo teria que cancelar. Não ia poder fazer roça. Não ia poder fazer subsistência. Ia interferir diretamente no nosso modo de vida. A gente não aceitou.”
A tensão cresceu até que, dois meses mais tarde, Leide Gerônimo enviou pelo WhatsApp o vídeo ameaçador. Dias depois, Wilton e Weldes Gerônimo, filhos dele, participaram de reuniões em Alto Camarapi, juntamente com representantes da Redda+. O detalhe é que o encontro ocorreu sem a autorização da associação de moradores.
Mas por que pessoas suspeitas de grilagem de terras e funcionários da empresa de carbono fariam uma reunião? A Redda+ queria apoio dos moradores da comunidade depois que as associações entrassem com uma ação na Justiça estadual pedindo a anulação do contrato de carbono. E a família Gerônimo tem constantes embates com a associação de Alto Camarapi, pois cria gado em área proibida, segundo fiscalização do estado do Pará. Um encontro de interesses entre quem, publicamente, promove a preservação da Amazônia e quem a destrói.
Na ocasião, com a presença de cerca de 20 moradores da comunidade, um dos funcionários da Redda+, Reginaldo Lima, disse: “Nenhum presidente tem o poder de tirar a gente daqui [a empresa dos territórios]”, referindo-se a Francisco Rodrigues de Melo, presidente da associação. A fala está registrada em um vídeo a que tivemos acesso.
As associações alegam que a discussão deveria ter sido feita coletivamente, mas a Redda+ teria insistido em manter a metodologia e em participar de reuniões internas da comunidade. Foi aí que os moradores resolveram suspender as atividades da parceria.
A agressividade da empresa levou duas das quatro associações, a de Alto Camarapi e de Acangatá, a buscarem romper o contrato. “Os moradores passaram a conviver com ameaças diárias. Membros e diretoria passaram a ser ameaçados de dentro e de fora dos territórios, visto que já existiam conflitos e pressão por desmatamento nas áreas”, afirma o advogado Guilherme Sobral, em ação movida pela associação de Alto Camarapi pedindo a proibição da entrada dos representantes da Redda+ na reserva extrativista.
Na petição, o advogado afirma que, em vez de proteger a Natureza em parceria com as comunidades, a empresa se tornou “mais um agente de violência”, promovendo “um verdadeiro caos dentro dos territórios”. Segundo o documento, “Após a associação recusar o contrato, a empresa passou a perseguir, intimidar e ameaçar lideranças e profissionais das associações, para aceitarem suas ilegalidades e atos de violações de direitos territoriais e de autogovernança”. Bruno Tavares, da Redda+, não respondeu aos pedidos de entrevista e posicionamento feitos pela reportagem.
De segurança a protetor da Amazônia
Restava entender quem é Bruno Tavares da Silva e se ele teria um histórico de atuação na área ambiental. Não tem. Nascido em 1981, Bruno deixou, aos 40 anos, o quadro da Polícia Militar de São Paulo. A última patente foi de capitão.
Isso se deu apenas algumas semanas depois da assinatura dos contratos em Portel e Gurupá e quatro meses após a abertura do CNPJ da Redda+. Em paralelo, foi aberto o CNPJ da Pará Redd e de uma terceira empresa, a Tav Company Participações Sociedade Unipessoal Ltda, com sede na Avenida Paulista, em São Paulo, e que mais tarde passaria a figurar como parte nos contratos assinados com as comunidades.
Há ainda um quarto registro empresarial em nome de Bruno. A ETS Gerenciamento de Risco Ltda foi aberta um ano antes e representou, para nós, uma pulga atrás da orelha. A empresa está ligada a uma firma de gerenciamento de risco sediada no Reino Unido e tem como sócio Darren John Aldrich, que no LinkedIn se apresenta como um ex-membro das Forças Armadas britânicas, orgulhoso de “seus 19 anos de experiência internacional e clandestina” como explicação para garantir uma “abordagem pragmática”.
Mas isso ainda não explicava tudo. Em 26 de outubro de 2021, o empresário britânico Naro Nesta Zimmerman assinou a procuração pela qual outorgava ao brasileiro Bruno o direito de representar legalmente a Redda+. Na época da assinatura, Zimmerman era chefe de Serviços para Clientes Privados em Dubai do JTC Group, uma corporação da indústria fiduciária, ou seja, especializada na administração de ativos financeiros.
É ele também quem aparece como representante da Pará Redd no contrato com uma das associações envolvidas no Marajó Redd Project.
Nos relatórios financeiros do JTC Group não há menção a investimentos recentes da empresa em mercados de carbono, e em anos recentes nem sequer há movimentação de dinheiro no Brasil.
Procurado, Naro Zimmerman respondeu por e-mail. “Eu gostaria de esclarecer que o contrato que você mencionou foi terminado por acordo mútuo em junho de 2023. Como resultado, nenhum projeto de carbono foi iniciado nessa área em particular. Nós não faremos nenhum comentário e nos reservamos todos os direitos”, disse, sem esclarecer em nome de quem falava.
No quadro de sócios da Redda+ disponível para consulta no Ministério da Fazenda constam como sócias Pará Redd e TAV Company. Ambas têm Bruno como sócio.
Durante alguns dias, procuramos pelo fio que nos levasse aos verdadeiros proprietários. As pistas começaram a esquentar durante a leitura de uma ação judicial movida na Justiça Estadual do Pará. Em um documento anexo, quem aparece como único proprietário da Pará Redd é Andrew Harvey Fox. Nas Ilhas Maurício, onde a procuração em nome de Bruno foi assinada, Fox figura como proprietário de onze empresas – nenhuma delas é a Redda+.
Passaram-se algumas semanas até surgir uma nova agulha no palheiro. Foi por meio de uma ação trabalhista movida no Pará que encontramos uma farta documentação que não deixa dúvidas quanto aos verdadeiros proprietários da Redda+ e da Pará Redd.
Não fosse uma desavença com um funcionário de confiança, Bruno Tavares talvez seguisse a figurar publicamente como único proprietário de empresas que dizem muito pouco.
Duas fontes confirmaram que, em 2020, Bruno teria trabalhado como segurança do empresário inglês Kevin Tremain, na empresa Avoided Deforestation Project (Manaus) Limited, ADPML, com sede na ilha britânica de Guernsey.
Às 10h35 de 25 de setembro de 2023, Kevin Tremain enviou um e-mail repleto de más notícias a Bruno: “Devido à situação instável e às preocupações levantadas, sou obrigado a tomar medidas para proteger meus interesses e investimentos (…). Nós lhe informamos que enviaríamos 400 mil dólares (2,1 milhões de reais) para despesas até o final de 2023, mas só enviaremos para a Redda+ despesas de 150 mil dólares (805 mil reais)”. Foi esse o momento em que as comunidades viram os recursos minguarem.
Tremain estava preocupado com as notícias trazidas por esse ex-funcionário de confiança. Ele havia relatado aos investidores um sem-fim de problemas: comunidades ameaçadas pela Redda+, projetos de carbono que não decolavam, atuação truculenta de Bruno com os representantes de associações de povos tradicionais. Copiados no e-mail anexado ao processo ao qual tivemos acesso estavam os outros dois sócios: Andrew Harvey Fox e Tahsin Choudhury. Choudhury é dono da NET Zero Sustainability Limited, também uma empresa de carbono, esta aberta em 2020.
Um crime de cinema na Inglaterra, um drama amazônico
Enquanto lidava internamente com os problemas envolvendo Bruno, Kevin Tremain ganhou uma dor de cabeça ainda maior. Em outubro de 2023, a imprensa brasileira divulgou a abertura de uma ação da Defensoria Pública do Pará contra empresas que atuavam em projetos de carbono em Portel. Entre elas estava a ADPML de Tremain.
A acusação é de um caso clássico de grilagem de carbono: as empresas emitiam os créditos se valendo de Cadastros Ambientais Rurais (CAR) registrados sobre terras de camponeses. A lista de compradoras dos créditos demonstra o tamanho do problema aberto em torno dos mercados de carbono: Boeing, Delta Airlines, Air France, Amazon, Repsol, Samsung, Toshiba, Kingston e o clube de futebol Liverpool, da Inglaterra.
Uma das responsáveis pelos projetos era a ADPML, rebatizada como Amazon Forest People. O nome sugestivo, Pessoas da Floresta Amazônica, não deixava ver que a empresa fica em Essex, na Inglaterra, e é de propriedade de Tremain. Três semanas mais tarde, o jornal britânico The Mirror revelou que o registro está em um endereço usado como residência de Kenneth Noye, o pai de Tremain.
Não haveria nada demais, exceto pelo fato de Noye ter sido um dos personagens de um dos maiores roubos da história do Reino Unido. O chamado Brinks-Mat Robbery se deu em novembro de 1983. Na ocasião foram roubados 26 milhões de libras em ouro e em diamantes, que estavam armazenados em uma caixa-forte próxima ao aeroporto de Heathrow, em Londres. No curso das investigações, Noye matou um detetive. Foi julgado e condenado.
Questionado pelo The Mirror, Tremain disse ser apenas um consultor e alegou que o pai não tem nenhuma relação com o projeto de carbono. Ele disse desconhecer os verdadeiros donos da empresa, mas o registro que obtivemos mostra que é ele o proprietário. Um material da Amazon Forest People lista Andrew Harvey Fox como seu representante.
“Quando saíram as reportagens, a gente conseguiu ver que eram o mesmo grupo”, conta um ribeirinho envolvido nas negociações do Marajó Redd Project. “A gente caiu numa armadilha. Só mudaram o nome da empresa. Foi aí que a gente entendeu que eles são os verdadeiros donos da Redda+.”
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Faça parteEntre militares e parentes
“As comunidades acham que Redda+ as intimida e que tem o apoio da Polícia Federal”, escreve Fox em um e-mail enviado a Bruno em 16 de outubro de 2023. Àquela altura, representantes das associações estavam mantendo, sem a intermediação de Bruno, contato com os verdadeiros investidores dos projetos de carbono.
Bruno respondeu algumas horas mais tarde: “Temos um ex-policial que trabalhou em Portel desde que começamos. Eles [funcionários da Redda+] foram à casa do (nome preservado por questões de segurança) para conversar, como normalmente fazemos. Agora, eles falaram isso como uma ‘intimidação’, mas não é verdade”.
“Os militares e eu somos os maiores alvos porque não aceitamos a corrupção e endureci meu discurso com eles [os comunitários]”, defende-se Bruno, em outubro de 2023, diante de questionamentos apresentados pelos investidores. “Para reflexão, estamos passando pela pior crise. Cortamos despesas e benefícios; os únicos que permanecem comigo, trabalhando todos os dias e lutando pela validação e contra mentiras, são os que estão lá hoje. Parentes, militares ou funcionários são todos capazes e honestos.”
Entre os funcionários da empresa, estavam Reginaldo Lima, que se apresenta como ex-integrante da Força Nacional, o irmão de Bruno, Tiago Tavares da Silva, e sua esposa, Giovana Latorre Tavares. Os dois últimos, lotados no Corpo de Bombeiros da Polícia Militar de São Paulo, pediram, em agosto de 2022, licença de um ano da corporação para tratar de interesse particular.
Ilegalidades
Em 6 de março de 2024, a Procuradoria-Geral do Estado do Pará ingressou com uma ação pedindo a anulação dos contratos firmados pela Redda+ no âmbito do Marajó Redd Project. A interpretação do então procurador Ibraim José das Mercês Rocha é de que a empresa promoveu uma tentativa de posse irregular ao atuar em terras públicas sem a anuência dos órgãos responsáveis.
Pior do que isso: simulando a anuência desses órgãos – o Instituto de Terras do Pará (Iterpa), a Secretaria Estadual de Meio Ambiente e o Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (Ideflor-Bio).
“Cumpre destacar que o presente caso é um destes que a reprimenda deve ser exemplar”, escreve Rocha. Ele aponta ser fácil entender que houve uma violação da lei.
No documento protocolado junto à certificadora, a Redda+ dizia contar com o aval dos órgãos públicos, mas pelo menos um deles, o Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Estado do Pará, negou, em documento enviado à Procuradoria-Geral em 17 de dezembro de 2023, haver sido consultado. A Procuradoria pede a nulidade do contrato firmado com duas das quatro associações e uma indenização de 4,4 milhões de reais ao estado por dano material e danos morais.
No entender do procurador, mesmo que o contrato seja privado, o fato de ser firmado sobre uma terra pública demanda a consulta e o envolvimento dos órgãos estatais.
“Logo, além de não se tratar de área de propriedade privada e sim de domínio público, e não ter havido qualquer consulta aos órgãos responsáveis, e embora as comunidades tradicionais não precisem se submeter a processo licitatório para obter concessão sobre as florestas públicas estaduais, evidentemente que somente podem explorar e contratar sobre o que efetivamente e expressamente lhe foi garantido, o que não é o caso de transações de crédito de carbono.”
Esta ação foi rejeitada porque o juiz responsável pelo caso, André Luiz Filo-Creão da Fonseca, interpretou que as associações, e não a procuradoria, deveriam ser as autoras.
A história se repete
Os moradores do Camutá do Pucuruí até que tiveram “sorte”. Inicialmente, conversaram com a empresa para tentar romper o contrato. Em um ofício encaminhado aos advogados da associação em abril de 2022, a Redda+ se recusa a rever os métodos de cálculo dos repasses e alega que terá, inclusive, prejuízo com o projeto feito em Gurupá caso aceite destinar 40% para a associação, como era solicitado.
“Por ter a Redda+ um ajustado sistema de apuração dos custos, a definição de percentual relativo ao lucro líquido da venda dos créditos de carbono é muito superior a qualquer concorrente. E a Redda+, por ter consciência desse sistema de captação de recursos e apresentação de resultados, elaborou a proposta que resultou no contrato assinado com a associação”, diz o documento. Segundo a empresa, o projeto movimentaria em torno de 9 milhões de reais por ano.
Sem sucesso na negociação, a associação recorreu em 21 de março de 2023 à Justiça do Pará. “O erro está inequivocamente presente pelo fato de que a ré ter-se aproveitado do desconhecimento técnico e específico das minúcias do negócio, pela autora e seus associados, para inserir cláusulas claramente abusivas e leoninas, em autêntico contrato de adesão que não foi negociado ou discutido, mas sim unilateralmente imposto”, alega a petição inicial, assinada pelo advogado Ismael Moraes.
Por lei, projetos em terras de uso coletivo no Brasil precisam ser submetidos a um protocolo de consulta prévia estabelecido pela Organização Internacional do Trabalho (OIT). Nesse projeto, o que a empresa chama de documento de consulta é, na verdade, um ofício assinado pelas duas partes, como se a Redda+ também participasse dessa etapa.
“O assentamento não dispõe de seu próprio protocolo de consulta”, alega a empresa. “Deste modo, a Redda+, em comum acordo entre as partes interessadas, organizou a consulta das comunidades junto com as lideranças e o envolvimento de parceiros” – a empresa menciona o Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Estado do Pará (Ideflor-Bio) e a Universidade Estadual do Pará. Apesar da participação de organizações externas, a consulta excluiu o órgão legalmente responsável pelos assentamentos, o Instituto de Terras do Pará (Iterpa).
Em relação a Camutá do Pucuruí, a Justiça decidiu pela revogação do contrato em 12 de julho de 2023. Mas se engana quem pensa que o garimpo do carbono chegou ao fim.
O atual presidente da associação, Mapará, sorri ao falar que assinar um novo contrato de carbono é inevitável. “Hoje estamos livres no mercado. Por tudo aquilo que aconteceu, estamos estudando para ver a forma certa de fazer. Já fomos procurados por algumas empresas.”
Procuramos Bruno Tavares, Kevin Tremain, Andrew Harvey Fox e Tahsin Choudhury por e-mail e WhatsApp. Tavares, Tremain e Fox não responderam.
Por e-mail, Tahsin Choudhury negou ser um dos donos da Redda+. “Você está enganada, eu não sou dono da Redda+ e, portanto, nesse contexto, suas perguntas não são mais relevantes”, escreveu. Enviamos a ele trocas de mensagens entre os investidores da empresa, incluindo o próprio Tahsin. Ele não retornou mais.
Procuramos Leide Gerônimo e seus filhos, Weldes e Wilton. Não houve resposta.
Também entramos em contato com as articulações Pacto Global da ONU – Rede Brasil, a Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura e a Aliança Brasil NBS. A íntegra das respostas pode ser lida aqui.
A Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura afirmou que não soube das denúncias contra a empresa Redda+ por canais formais. “Vamos avaliar o caso e levar para instâncias internas para decidir o procedimento a ser adotado e a resposta adequada. Vale destacar que, em sua Declaração de Adesão ao movimento, os membros da Coalizão assumem o compromisso de atuarem ‘dentro dos parâmetros éticos exigidos pela sociedade brasileira’”, disse a empresa por meio de sua assessoria.
Já a Aliança Brasil NBS escreveu que “A promoção de boas práticas e integridade está no centro da nossa atuação e levamos a sério denúncias que surjam tanto no setor quanto com relação aos membros da Aliança. Vamos buscar olhar e entender o caso. Inclusive, se provocado, nosso Comitê de Ética pode atuar”.
Em sua resposta, o Pacto Global da ONU – Rede Brasil diz: “Somos firmemente contra qualquer ação que viole os princípios de Direitos Humanos, Trabalho, Meio Ambiente e Anticorrupção. Diante das recentes informações de denúncias em relação à empresa Redda+, que tivemos ciência por meio da imprensa, o Pacto Global da ONU – Rede Brasil passou a discutir o caso dentro das instâncias competentes da iniciativa e acionou medidas de integridade previstas em seu regimento”.
Esta reportagem foi realizada pela equipe do veículo jornalístico O Joio e o Trigo, que investiga alimentação, saúde e poder, e republicada em parceria com SUMAÚMA.
* O texto dessa reportagem foi alterado às 16h40 de 21 de junho para informar que Bruno Tavares da Silva consta oficialmente como administrador da Redda+, e não como proprietário.