O caldo do feijão, uma lata de leite condensado, uma churrasqueira, um terreiro de candomblé, uma prisão: a terceira temporada do podcast Prato Cheio investiga as relações entre alimentação e poder. Serão oito episódios, com estreia em 6 de abril, que vão ao ar sempre às terças-feiras às 16 horas.
Desde novembro do ano passado, repórteres e roteiristas investigaram e refletiram profundamente a respeito de como poder e política se projetam nos nossos hábitos alimentares. O resultado são relações de poder que eles nem imaginavam. Oito temas aparentemente tão diferentes acabam atravessados, com frequência, pelo machismo e pelo racismo presentes na nossa sociedade.
A temporada começa analisando as relações de poder da Nestlé com o Brasil. Ou, para ser mais preciso, com as donas de casa brasileiras. Investigamos como a corporação suíça reescreveu as receitas dos nossos doces, fazendo do país um caso de sucesso para ela – e de problemas para nós.
O episódio seguinte analisa como a quentinha do presídio acaba se transformando numa segunda punição para os detentos, e num fardo extra para as famílias – especialmente mães e companheiras. Além, é claro, de um fabuloso negócio para empresas investigadas por corrupção.
Caça, guerra, Bíblia e machismo: o terceiro episódio é uma viagem – em vários sentidos – pela história das relações entre carne e heteronormatividade. Da Idade Média às hamburguerias descoladinhas, entrevistas e leituras abordam a carne como um instrumento de dominação e poder.
Daí por diante a temporada analisa as belas relações entre comida e as religiões de matriz africana, e busca entender o porquê da perseguição empreendida pelo projeto de poder agrário-religioso que se apossou de Brasília. Ainda no campo dos costumes e das tradições, retratamos o tenso diálogo entre cultura caipira e monocultura, ou, mais especificamente, entre cultura caipira e eucaliptos.
O sexto episódio analisa as relações de poder expostas pela arquitetura. Olhamos para a maneira como as transformações da cozinha refletem as mudanças (e a falta delas) da sociedade brasileira nos últimos três séculos.
Por fim, olhamos para os corpos. Primeiro, para a maneira como leituras colonialistas se projetam na nossa alimentação cotidiana e em teorias de superioridade. Depois, para como a ciência da nutrição é distorcida por um olhar reducionista que acaba moldando e interferindo em nossos hábitos.
Sobre
Lançado em 2020, Prato Cheio é o podcast de O Joio e O Trigo, projeto de jornalismo investigativo sobre alimentação e saúde. Nossas duas primeiras temporadas abordaram as principais questões em torno dos sistemas alimentares hegemônicos no século 21. O projeto ficou entre os vencedores em editais do Instituto Serrapilheira e do Google Podcast Creator Program.
Ao longo dos últimos anos, nossa equipe de repórteres lançou um olhar aprofundado e inédito sobre corporações do agronegócio e dos alimentos ultraprocessados. Revelamos fraudes e manipulação de evidências científicas, analisamos políticas públicas, discutimos soluções para aquela que se tornou uma das grandes causas de doenças e mortes em nossos tempos.