O Joio e O Trigo

Doko: quatro letrinhas que mudaram a história do Brasil

Um grão originário de climas temperados que aprendeu a se desenvolver no Cerrado e abriu caminho para o milho e tudo o que veio em seguida

*Este texto é uma adaptação do roteiro do episódio “A febre da soja”, do Prato Cheio. Escute no tocador acima ou em sua plataforma de áudio favorita.


Ela chegou com tudo e rasgou o interior do Brasil, na contramão do que aconteceu com quase todos os outros ciclos da economia. Nunca a gente teve um cultivo que se estendeu por uma área tão grande quanto a da soja, que casou com o boi, abriu espaço para o milho e ajudou a deslocar o eixo do Brasil.

São hoje 38 milhões de hectares em todas as cinco regiões do país cobertos por esse tipo de plantação. Isso é mais ou menos o tamanho da Noruega, do Japão, ou do Paraguai. Mas como será que o Brasil passou de país do futebol e do samba para o país desse grão que nem parte da nossa dieta é?

Soja doko. Esse é o nome da soja que conseguiu se adaptar ao clima quente e à terra seca do Cerrado e que foi o primeiro passo de uma mudança gigantesca na nossa história. A expansão do agronegócio nessas últimas décadas mudou a cara da nossa política, da nossa economia e do nosso papel no mundo.

“O pessoal achava que eu era um doido porque naquela época nem se pensava em soja nos trópicos”, contou Plínio de Melo, agrônomo, pesquisador aposentado da Embrapa e um dos pais dessa inovação silenciosa que virou uma febre. 

Outro responsável pelo fenômeno é Romeu Kiihl (pode pronunciar Kill), engenheiro agrônomo e pesquisador aposentado da Embrapa. “Alguma vez alguém falou assim ‘você é conhecido como um dos desbravadores do Cerrado’. Eu falei ‘espero que não transforme em devastador do Cerrado, né?’”, disse.

A soja doko é uma inovação tão improvável que a gente não conseguia entender. O Cerrado sempre foi sinônimo de uma terra seca, imprópria para a agricultura tradicional. Sempre, até a chegada da Embrapa. Mas como foi que a ela conseguiu dominá-lo? 

Antes de explicar, é bom entendermos de onde vem o nome desse grão. Delfim Netto foi ministro três vezes durante a ditadura – Fazenda, Agricultura e Planejamento. A história que Romeu Kiihl conta é que Netto tinha grande admiração por Toshi Doko, presidente da Federação das Entidades Empresariais do Japão e a soja foi batizada como uma homenagem. Quem deu esse nome foi Eliseu Alves, então presidente da Embrapa.

A doko é uma das grandes realizações da Embrapa, que é a principal empresa de pesquisa agropecuária do país do agronegócio.

É esse o contexto da nossa história. Anos 60 e 70. Os Estados Unidos impulsionavam a Revolução Verde no meio da guerra fria com a União Soviética – o nome, revolução verde, era uma resposta às revoluções vermelha e branca. A ideia era de que um mundo de barriga cheia seria um mundo capitalista. Então, a maior potência do mundo patrocinou uma campanha para dizer que os países deveriam se especializar na produção agrícola em grandes áreas.

O Brasil, gigante, é estratégico em vários sentidos. E, pros militares, a Revolução Verde era útil também em vários sentidos. Eles precisavam alimentar uma população urbana que cresceu rapidamente. Queriam avançar sobre o oeste do Brasil, ocupando o Cerrado e a Amazônia. Com o pretexto de integrar para não entregar, abriram estradas pelo interior do país, distribuíram terras a grandes e pequenos agricultores, expulsaram povos indígenas. 

Mas a nossa história começa fora do Cerrado. “Então Londrina é um ponto estratégico para trabalhar com melhoramento de soja porque é o ponto mais ao norte do Brasil que dá para trabalhar para o sul do Brasil e é o ponto mais ao sul que permite trabalhar no Cerrado Norte Nordeste”, diz Kiihl.

Ou seja, Londrina está pra soja como Varginha está para os extraterrestres. E isso se relaciona com uma questão fundamental: tudo se resume à latitude. À duração do dia e da noite. Londrina, no norte do Paraná, está numa latitude de transição entre o Sul do Brasil e o Centro-Oeste. É ótima pra começar a testar adaptações. Essa foi uma grande sacada. 

Além disso, o solstício de verão em Londrina tem uma hora a menos que no extremo sul do Brasil e meia hora a mais que em Campo Grande, no Cerrado. 

Versos proteicos

José Gomes da Silva ainda não sabia que seria pai do José Graziano da Silva, que por sua vez não sabia que seria diretor-geral da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, a FAO

Segundo o José pai, foi assim: um poeta que era chefe de gabinete na Secretaria de Agricultura de São Paulo encasquetou que a soja seria uma excelente fonte de proteínas para o Brasil. 

E tava procurando um sujeito estudioso pra tentar fazer dessa projeção uma realidade. E é assim que o José pai foi parar nos Estados Unidos, para estudar na Universidade de Illinois – foi, por sinal, onde o José filho nasceu. 

E a questão da soja como fonte de proteína está na área até hoje. Os maiores soja lovers dizem que esse é o grande motivo para cultivar o grão em tudo quanto é canto. 

O pessoal diz que a soja é o ouro do Brasil. É uma comparação meio complicada porque um grama de ouro compra 120 mil gramas de soja. O ouro vale muito pela raridade. A soja é o contrário: vale pela quantidade. E esse é um ponto importante para a existência da soja doko.

“Desde o começo eu sempre falava que soja não era agrícola, não é planta de pequenas áreas. Porque o lucro por hectare é pequeno. Pequenas áreas você não sobrevive”, fala Kiihl.

Quando o José pai voltou pro Brasil, existia uma crise na produção de óleos. O algodão ia de mal a pior. O amendoim não dava conta. Na época, ele foi convocado para se encontrar com Jânio Quadros, o então governador de São Paulo. 

Desse encontro do José pai com o Jânio Quadros nasceu o Serviço de Expansão da Soja, que reunia a industrialização, o fomento e a pesquisa com esse grão. E o José virou o Zé Sojinha. 

Aqui surge um problema: a soja pode ser uma ótima fonte de proteína, mas não faz parte da nossa cultura alimentar. 

“Você não vê que alguém venha a consumir soja de forma in natura ou de forma mais natural, vamos dizer assim, que nem feijão, entendeu?, mas ela tá embutida em tudo”, fala Plinio. Realmente, a soja está no óleo que frita as batatas; no molho shoyu que acompanha a comida japonesa; na proteína de soja dos pratos vegetarianos. 

E, não menos importante, a soja é um dos componentes básicos de uma penca de produtos ultraprocessados. Pode olhar o rótulo. Você vai encontrar pedaços dela em margarinas, maioneses, sorvetes, achocolatados, bolachas, salgadinhos e vários outros produtos. A soja aparece como proteína isolada, como óleo vegetal ou como lecitina de soja, um emulsificante. E esses são só alguns exemplos.

Mas, claro, o principal destino da produção de soja hoje no Brasil é a ração de animais. No ano passado, a China comprou 72% da produção brasileira, basicamente para alimentar porcos e aves. 

Nas últimas cinco décadas, o consumo de carne mundo afora explodiu. No Brasil, o abate de bovinos triplicou, o de suínos quadruplicou e o de aves aumentou em 37 vezes.

A soja está no óleo que frita as batatas; no molho shoyu que acompanha a comida japonesa; na proteína de soja dos pratos vegetarianos. Foto: Roberto Parizotti/FotosPublicas.

Enganando a planta

A soja se dá bem em climas temperados. É por isso que talvez você associe esse grão a países asiáticos, como China e Japão. Então, para aumentar a produção por aqui em um ritmo frenético, os técnicos da Embrapa precisaram aprender novos truques. 

Foi na feira de Santa Rosa, no Rio Grande do Sul, em 1966, que lançaram a primeira variedade comercial de soja desenvolvida no Brasil. 

A L326, conhecida entre os íntimos como Santa Rosa, foi um marco para o Instituto Agronômico de Campinas, onde trabalhava Romeu Kiihl. “Quando eu vim pro Iapar e depois posteriormente pra Embrapa, eu trouxe algumas seleções”, disse ele. 

Kiihl já tinha testado algumas variedades com rendimento razoável no Vale do Paraíba, no interior de São Paulo. E aí se mudou pro Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná, o Iapar. 

É então que Londrina, com seu clima no meio do caminho entre o tropical e o temperado, entra na história. 

A Embrapa nasceu em 1972. Com um papel estratégico para os militares. A empresa passou a aglutinar órgãos federais e estaduais de pesquisa agropecuária. Em Londrina foi aberto um centro de pesquisa especializado justamente na soja. 

E, claro, Brasília, a capital recém-criada no coração do Brasil, foi fundamental nesse nascimento da Embrapa. 

Plínio de Mello, agrônomo, prestou concurso, foi aprovado e decidiu ir para Brasília, onde esperava encontrar melhores condições de trabalho. “Poderia montar um programa sem ter muitos competidores e sim colaboradores. Já em Londrina eu não teria só colaboradores, ia ter muitos competidores”, conta.

A Embrapa do Cerrado tinha uma missão clara. “Nós estávamos precisando com urgência achar alguma coisa para colocar aqui no Cerrado”, contou.

Acontece que não é qualquer planta que cresce nas terras avermelhadas do Cerrado e Plínio e sabia disso. “Não tem fósforo e fósforo é fundamental, entendeu? Praticamente o nível de fósforo é muito muito baixo. E o Cerrado tem uma coisa terrível que se chama alumínio, que é tóxico.”

Além da acidez e da falta de nutrientes essenciais, o Cerrado fica nas baixas latitudes. Se a gente comparar com o Sul, o Cerrado é uma região de dias curtos, com menos horas de luz natural do sol. 

“Então se os dias curtos já eram bem mais curtos elas já iam reproduzir imediatamente. Ela não crescia, não dava tempo de ela crescer”, explica Plinio. É que, para nós, uma hora a mais ou a menos de sol parece irrelevante. Mas para uma planta pode representar a morte prematura.

Tem uma sabedoria inerente das plantas que é importante no processo da soja doko. Em muitos casos, o florescimento significa o fim da vida de uma planta: quando percebe que vai morrer, ela concentra toda a energia na produção de descendentes. Ela faz um sacrifício individual em nome de um bem coletivo, que é a garantia de sobrevivência da espécie.

Kihl conta que a soja é considerada uma planta de dias curtos. Cada variedade de soja tem um período chamado de crítico máximo. “E que se os dias forem mais longos do que esse crítico máximo ela vegeta, se forem mais curtos ela floresce”, explica o pesquisador. Ele fazia o que a gente chama de seleção artificial. Não é manipulação genética. Isso veio muito mais tarde. 

É melhoramento genético. O que a gente sempre fez na história da humanidade. A gente foi selecionando as sementes de acordo com o sabor, a função, o rendimento e a adaptação ao clima.

Mas, diferente da seleção natural, na seleção artificial é o ser humano que faz a pressão seletiva, e escolhe quem vai sobreviver e se reproduzir e quem vai ser descartado. A gente fez isso também com os animais. Por exemplo, selecionando cães e cavalos de acordo com a função. Um cão para companhia, outro para pastoreio, outro para caça, e por aí vai.

Dentro de uma empresa pública de pesquisa, esse processo de seleção artificial ganha escala. E tem uma diferença fundamental, que é o motivo da seleção. No contexto da Revolução Verde, tudo é direcionado a abrir novas áreas e a aumentar a produtividade.

“O que nós fizemos com o período juvenil é uma espécie de um truquezinho. Nós identificamos essa característica que faz com que a soja praticamente não perceba isso daí”, explica Kiihl. Os pesquisadores não enganaram o sol: eles enganaram a soja. Segundo ele, “é como se desligasse o gen por 15 dias.”

Lembra que a soja foi tirada de climas temperados? Lá na China, no Japão, o pessoal aprendeu a selecionar as sementes que conseguiam florescer rapidamente, antes que chegassem as geadas e as nevascas. É como se aumentassem “o período juvenil da soja”, nos termos de Kiihl.

Os pesquisadores anularam o efeito do fotoperíodo no florescimento. Em outras palavras, fizeram com que a fase vegetativa da soja, que é esse período que antecede a reprodução, aumentasse de 30 para 45 dias. 

Se for pra tentar fazer um paralelo com a espécie humana, é como se a gente atrasasse o início da puberdade para ter indivíduos maiores. E para a idade reprodutiva chegar só depois dos vinte anos.

Cultivo de soja no Cerrado do Matopiba. Foto: Mônica Juliani Zavaglia Pereira/Embrapa

Paternidade compartilhada

Tentamos saber se tinha algum tipo de disputa pela paternidade da soja doko. Oficialmente é o Plínio de Mello quem aparece como o pai da soja doko, mas tanto ele como o Romeu Kiihl reconhecem que é uma criação compartilhada. 

A relação do Kiihl com a soja é de longa data. Começou lá em 1965, quando ele se formou na faculdade. E continuou no mestrado, na Universidade do Mississipi, nos Estados Unidos. 

O orientador dele foi o pioneiro da soja em latitudes menores, como é o caso do Sul dos Estados Unidos – lembra que o nosso Cerrado também é uma região de latitudes menores. “Fui orientado pelo maior melhorista de de soja de todos os tempos chamado Edgar Emerson Hardwick”, afirma.

Ele também se orgulha de ter convivido com alguns dos melhores estudiosos do fotoperíodo, ou seja, a turma que se liga na duração do dia. 

O processo

Mas como nasce uma nova variedade? Bom, primeiro você precisa entender o que tá buscando. E isso leva “pelo menos pelo menos umas 10 ou 12 gerações”, segundo Plínio.

Porque no começo as plantas são heterogêneas. Cada uma sai de um tamanho, cada uma cresce em um período. Essa é a fase em que Romeu Kiihl atuava. 

“A gente trabalhava com 30 a 100 mil progenies por ano. Cada progenie era uma linha de 3 metros com 60 planta. Aí nós selecionamos as melhores linhas, dentro das melhores linhas, as melhores plantas, colhíamos, trilhávamos individualmente. Cada planta selecionada ia para um envelope. Ali nós examinávamos sementes envelope por envelope”, relembra Kiihl.

Progênie são todas as descendentes de uma geração anterior. Nos cruzamentos que fazia, Kiihl buscava por plantas que crescessem mais antes de florescer, que fossem mais robustas e com vagens em alturas maiores. São semanas e semanas de trabalho de campo. E semanas e semanas de laboratório. 

O problema é que não há como acelerar os tempos da natureza. Não dá para plantar quinze safras por ano. É uma, no máximo duas. Então, pode levar dez, doze anos para chegar a uma nova variedade.

Plínio prefere atuar quando as linhagens já estão definidas. As sementes produzem plantas homogêneas, estão mais próximas do final. O currículo dele registra o lançamento de quase 60 variedades ao longo da carreira. 

Para simplificar, é como se o Kiihl tivesse cuidado do bebê no berço e na pré-escola, e o Plínio tivesse cuidado da soja doko durante a infância e a puberdade. 

Trata-se de um processo gigantesco, feito a longo prazo, que envolve diversos cruzamentos. Por isso, é um trabalho que depende da contribuição de várias pessoas. Nessa hora a estrutura da Embrapa faz toda a diferença. 

“Então eu abria. 10 vai para Minas Gerais, 10 para Brasília, 10 para Goiás, entendeu? Então todos participavam, todos tinham interesse, a capacidade de testes que nós tínhamos era muito grande”, conta Plínio sobre a estratégia que permite uma abrangência maior dos resultados. Assim, uma variedade é lançada com uma chance grande de aceitação. 

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Soja de entrada

“Quando alguém ia abrir o Cerrado o primeiro plantio de soja ele conseguia colher no máximo 20 sacas por hectare. Quando passou a utilizar a Doko, ele passou a colher 40 sacas por hectare, o dobro do que se produzia antigamente”, conta Kiihl.

Se a soja é o que abriu o Cerrado, a soja doko é o que abriu o Cerrado para outras sojas: a doko é uma soja de entrada. O papel dela é garantir que a terra comece a dar soja, para depois chegar com novas variedades. 

Ela é aquele celular tijolão dos anos 90, que abriu espaço para a chegada do smartphone. Se isso foi bom ou ruim, a gente deixa pra você decidir. 

“Você tinha que ter planta alta com legumes pendentes e tudo para poder colher com bastante facilidade, entendeu, não perder grãos, não perder vagens”. Essa que Plínio conta é a outra questão fundamental: a vantagem de ter uma adolescência tardia é que consegue crescer o suficiente para o trator passar, com vagens tanto no topo como na base. É perfeito para a agricultura mecanizada. 

A doko é uma soja com boa altura de vagens. Depois do início do florescimento, ela cresce pouco e não se ramifica. 

Culpada ou salvadora?

Como será que os desenvolvedores da soka doko enxergam o desmatamento do Cerrado e da Amazônia? E o uso de agrotóxicos?

“Eu acho que nós temos que comer, certo? E nós temos que produzir para comer, entendeu?”, se posiciona Plínio. E Kiihl tem uma visão bem parecida. “Não tem escolha. Ou você produz alimento e alimenta a população ou reduz a população.”

Para eles, o surgimento da doko e o aumento da produção da soja no país são sinônimos de segurança alimentar, uma ideia muito comum aos defensores da Revolução Verde.

“O Brasil importava alimento. Antes da Embrapa existir. O Brasil era importador de alimentos. Hoje nós somos um dos maiores exportadores do mundo”, argumenta Kiihl.

Boa parte das exportações de soja e milho do Brasil servem para ração de animais. Lá na primeira temporada do Prato Cheio tem um episódio que discute essa questão. Chama “Sai feijão, entra soja”. 

Embarque de soja no Porto de Paranaguá. Foto: Ivan Bueno/APPA/FotosPublicas


“Eu conheci o Norman Borlaug. O Prêmio Nobel da Paz. Ele falou pra mim o seguinte, que depois do meio oeste americano com o tal de corner Belt ele considera que o Cerrado é a maior conquista da agricultura no mundo”, diz Kiihl. Norman Borlaug é o grande impulsionador da ideia de Revolução Verde. “É difícil trabalhar lá mas o sonho dele era repetir a experiência do Cerrado na África”, complementa.

Hoje em dia, a doko praticamente não é mais usada. A Embrapa desenvolve novas variedades de soja, muitas vezes em parceria com as grandes empresas da biotecnologia, como Bayer-Monsanto e Dupont. Como dizem os atuais diretores da Embrapa Cerrados, todas variedades produzidas para o Brasil têm genética da empresa pública. 

Em março de 2021, a ONG Chain Reaction Research publicou um relatório sobre o desmatamento do Cerrado. A conclusão é de que um terço da derrubada está ligado ao plantio de soja. As maiores desmatadoras são fornecedoras do grão para empresas produtoras de óleos e margarinas. Desde os anos 70, metade do Cerrado foi perdido para terras agrícolas e pecuárias.

Qual o futuro da soja no Brasil? Qual o futuro do Brasil tendo a soja como principal cultivo agrícola? As netinhas da doko vão continuar avançando pelo Cerrado e pela Amazônia? Se elas continuarem avançando, as bisnetas da doko terão tempo de existir? Por enquanto, a soja parece não encontrar nenhum freio pela frente. Mas, ainda assim, o futuro reserva mais perguntas do que respostas.


*A ficha técnica completa, com todas as fontes de informação usadas no texto, está disponível aqui.

Por João Peres

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