As doenças crônicas são um dos grandes problemas para a saúde pública. Pacientes tentam lidar com o risco de desenvolver o efeito cascata de outras doenças e o governo apoia a política da doença e da morte
Os pseudoalimentos vendidos em pacotes modernos e coloridos no supermercado prometem suprir todas as necessidades de vitaminas e minerais do seu corpo, mas será? A cada dia estamos mais e mais doentes. Obesidade, diabetes, problemas cardiovasculares, câncer, pressão alta… A lista de doenças é longa, e suas vítimas só crescem a cada ano no Brasil. Os ultraprocessados são um dos produtos finais de um sistema baseado nas lucrativas lavouras de commodities.
“O consumo de ultraprocessados tem aumentado no Brasil e tem conseguido, inclusive, mexer na dieta básica dos brasileiros, que é essa do arroz e feijão. Então, fica muito difícil discutir fome no Brasil sem discutir sobrepeso e obesidade ou adoecimento via ultraprocessados”, diz a integrante da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) Kelli Mafort. “Estamos comendo o não alimento, que sacia a nossa fome, mas que nos adoece. E, às vezes, essa falta de escolha está bem no portão de casa.”
A mudança na dieta alimentar dos brasileiros não aconteceu da noite para o dia. Aos poucos, verduras, frutas e legumes cederam espaço nos armários para os enlatados, as caixinhas e as embalagens. Houve uma valorização do produto industrializado, em especial a partir dos anos 1990, em detrimento dos alimentos in natura, que ficaram quase fora de moda dentro da vida moderna repleta de fast foods e novidades congeladas. Por sorte, com o movimento pendular, estamos voltando a valorizar a comida da vó, conhecida como “comida de verdade”. Mas para não adoecer pela boca, não basta voltar a ficar na moda ou força de vontade individual: é necessário haver políticas públicas.
A socióloga Paula Johns, diretora da ACT Promoção da Saúde, explica que os ultraprocessados estão numa categoria similar à do cigarro, cuja regulação levou 50 anos. “O ultraprocessado é um produto equivalente ao cigarro e demanda as mesmas medidas regulatórias que foram adotadas com sucesso.”
E como reduzir o consumo de ultraprocessados? “É necessário regular o mercado, não o comportamento individual das pessoas. As escolhas individuais se dão num contexto, que precisa ser modificado. Tanto é que o nosso slogan [da ACT] é ‘Ambientes saudáveis que podem promover escolhas saudáveis’. E o ambiente está ficando cada vez menos favorável para fazer escolhas saudáveis, principalmente para populações em situação de vulnerabilidade social”, analisa Paula Johns.
Apenas dez empresas transnacionais de ultraprocessados e bebidas controlam o mercado dos produtos que encontramos nas prateleiras dos supermercados. O desafio para avançar nas políticas regulatórias em relação aos ultraprocessados é enfrentar a interferência da indústria nessas políticas, ou seja, a principal questão é econômica.
O Joio foi atrás de entender o que está por trás do aumento do consumo de ultraprocessados nos últimos anos.
Passo um: a política de preços
A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a Universidade de São Paulo (USP) têm monitorado os preços de alimentos seguindo a filosofia do Guia Alimentar para a População Brasileira. Coordenados por Rafael Claro, do departamento de Nutrição da Escola de Enfermagem da UFMG, os estudos mostram que, a longo prazo, os ultraprocessados tendem a ficar mais baratos e os alimentos saudáveis mais caros.
Um dos estudos monitorou mais de 240 itens entre 1994 e 2017 e calculou que, até 2026, na média, os ultraprocessados se tornariam mais baratos.
“Na época vimos que ainda era vantajoso ter uma dieta baseada no arroz e feijão, mas em 2026 isso mudaria. Na pandemia, o processo inflacionário tende a afetar com mais intensidade os alimentos in natura e minimamente processados. Afetou o arroz com feijão, e os preços dispararam. E acelerou de tal maneira que essa previsão já vai acontecer neste ano, com o preço médio do quilo dos alimentos in natura mais elevados do que os ultraprocessados”, afirma Claro.
A crise econômica não afeta todos da mesma forma. Diferentemente dos pequenos produtores de alimentos in natura, a indústria de ultraprocessados tem margem para reduzir custos com transporte e propaganda. “Os alimentos de hortifruti ficam dependentes de políticas públicas, porque os produtores são pequenos e não conseguem fazer cortes da produção. Subsidia carro, refrigerante, mas não se subsidia a produção de alimentos saudáveis no Brasil”, afirma o pesquisador da UFMG.
As atividades mais financiadas pelo Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) em 2020 foram a bovinocultura e a soja (59,9%) e a produção de milho (14,4%). Já para a produção de arroz e feijão foram destinados apenas 2,53% dos recursos do Pronaf Custeio Geral.
Os dados são do estudo “Análise do Programa Nacional de Apoio à Agricultura Familiar”, elaborado pelo Instituto Tricontinental de Pesquisa Social em parceria com o Núcleo de Estudos em Cooperação (ECOOP), da Universidade Federal da Fronteira Sul, lançado em dezembro do ano passado.
Passo dois: o ambiente alimentar
O que está mais próximo dos moradores das periferias são os atacarejos que vendem ultraprocessados. Foi pensando em promover os alimentos in natura e sem veneno que Thiago Vinícius, à frente da Agência Solano Trindade, inaugurou o Organicamente, restaurante e armazém de comida orgânica na Vila Pirajussara, zona sul de São Paulo. “Grandes redes contribuem muito para que minem essas feiras [livres]. Pode parecer uma coisa boa ter um hortifruti aí dessas redes, mas um hortifruti desse patamar mina o acesso também, porque quem pode comprar no hortifruti com os preços deles?”
Para Thiago, o debate é mais amplo do que discutir apenas o alimento. “A alimentação saudável envolve não só comprar, mas chegar esse alimento até uma mãe que perdeu o seu filho vítima da violência policial, e isso acabou com a alimentação dela. Precisamos ter mais qualidade no trabalho e na geração de renda e, assim, ter acesso e tempo de comer. Senão, a preocupação é com o trânsito, a poluição, o racismo estrutural, a mãe que perde filho morto pela polícia, tapa na cara, tudo isso gera doenças, também” comenta Thiago.
Os ultraprocessados não ocupam só as casas, mas os equipamentos públicos, como hospitais, creches e escolas. Uma dieta baseada em ultraprocessados, além de prejudicar a saúde da população, onera o Estado, que precisa dispor de recursos para atender cada vez mais pessoas com doenças crônicas.
“Não se pensa em evitar esses custos no médio e no longo prazo. Quanto custa não financiar a alimentação saudável ano que vem? Porque isso vai ter impacto daqui 15 anos nesse grupo de crianças que já enfrenta diabetes, sobrepeso e obesidade acima do que era a média do Brasil nos anos 80. São crianças que vão ter problemas sérios de saúde, portanto impactar muito a rede pública de saúde também”, explica a ex-ministra Tereza Campello.
Passo três: adoecimento crônico
No Brasil, mais da metade da população (52%) com 18 anos ou mais recebeu diagnóstico de pelo menos uma doença crônica em 2019. É o que mostra a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), realizada pelo IBGE. As doenças crônicas são um dos maiores problemas de saúde pública, com impactos que vão desde a perda de qualidade de vida, mortes prematuras a custos econômicos altos para o poder público.
O Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS) avaliou os dados da última pesquisa Vigitel e apontou que houve piora em todos os indicadores de doenças crônicas. O Vigitel é um inquérito telefônico organizado pelo Ministério da Saúde. Há 15 anos, mede os fatores de risco e proteção para doenças crônicas não transmissíveis como diabetes, câncer, obesidade, doenças respiratórias e relacionadas ao coração.
Segundo o IEPS, 21,5% dos brasileiros adultos estavam obesos em 2020. E nessa estatística há um recorte de classe: pessoas com menor escolaridade estão mais propensas a ter doenças crônicas, como hipertensão e diabetes. O risco de desenvolver uma doença crônica para quem tem até oito anos de estudo é quase três vezes maior do que no grupo com doze anos de estudo ou mais.
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), a obesidade está entre os principais fatores de risco para o desenvolvimento de 13 tipos de câncer na população brasileira – como fígado, tireóide, ovário, rim, estômago, esôfago, mama e câncer do endométrio. O Joio foi atrás de histórias de pacientes que enfrentam doenças crônicas para entender os desafios enfrentados para o tratamento e controle dos fatores de riscos para outras doenças. E podemos adiantar que a chave do problema é a alimentação.
A nutricionista Ozzy Santana enfrentou obesidade desde a infância. Após fazer várias dietas sem sucesso, ela fez cirurgia de redução de estômago, mas o que fez a diferença na sua trajetória foi o olhar para a alimentação saudável. “O ultraprocessado está muito relacionado a doenças, e até a indústria sabe disso. Tanto que eles mascaram as consequências, mas deveria estar em todos os pacotes, que nem no pacote do cigarro, que contém informações e uma fotinha ali do que pode acontecer, porque daí a pessoa pode escolher o que comer, desde que tenha consciência do que ela está escolhendo”, relata.
Ozzy trabalhou fazendo faxina e como babá. Ela queria autonomia financeira e cursou nutrição, passou a emagrecer e a ajudar outras pessoas a superar a ideia de que a obesidade está apenas relacionada à estética e à autoestima, mas, principalmente, à possibilidade de a pessoa ter outras doenças crônicas. “Quando eu penso na prática de comer um alimento natural, orgânico e sem veneno, estou cuidando também do pequeno agricultor, da terra, do planeta”, avalia. “Então, não é só pensar na saúde do meu corpo em relação ao alimento, mas pensar na saúde do meu corpo em relação ao ambiente em que eu vivo. Porque se eu compro do Seu Zé ali da horta da esquina, eu tô cuidando da família dele também.”
No Brasil, a estimativa do Inca é de que para cada ano do triênio 2020-2022 ocorram 66 mil novos casos de câncer de mama. Débora Siqueira tem 49 anos e é enfermeira de um posto de saúde de Minas Gerais. Ela descobriu o câncer de mama em 2020 e passou a ter outra perspectiva de vida. “Quando você tem um diagnóstico de câncer passa um filme na sua cabeça. Você lida com a hipótese de morte e com questões que não estavam resolvidas na sua vida.”
Débora partiu para o tratamento e incluiu na rotina tudo que poderia colaborar para recuperar a saúde. Além da medicação, passou a fazer atividade física e mudou radicalmente a alimentação. Porém, ela relata que optou por retirar da sua dieta alimentos sobre os quais já existem evidências sobre o risco de doenças crônicas, como os ultraprocessados e a carne, porém, no círculo familiar e de amigos, ela era incompreendida por ter a dieta restrita a alimentos saudáveis. “Existe, sim, uma cobrança e uma pressão. As pessoas achavam que eu não estava comendo determinados alimentos, eu ia ficar fraca, e era exatamente o contrário que eu sentia no corpo.”, diz a enfermeira.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), carnes ultraprocessadas, como linguiça, salsicha e mortadela, favorecem o desenvolvimento de tumores. Por outro lado, hortaliças, frutas e fibras ajudam na prevenção da doença.
Conforme o Inca, entre 80% e 90% dos casos de câncer estão associados a causas externas. O que significa dizer que as mudanças provocadas no meio ambiente pelo ser humano e os hábitos podem aumentar o risco de diferentes tipos da doença. No caso do câncer de mama, a influência genética corresponde a apenas 5% a 10% dos casos, sendo a alimentação, peso corporal, atividade física, tabagismo, consumo de bebidas alcoólicas e a não amamentação os fatores mais relevantes para o desenvolvimento de tumores na mama.
Assim como Débora, a ginecologista e cirurgiã Lidia Myung teve câncer de mama e, além disso, endometriose. As duas doenças fizeram a médica rever a forma de encarar a alimentação na prevenção e no tratamento.
“Os ultraprocessados provocam uma cascata de consequências no organismo. Qualquer paciente que tenha diagnóstico de doenças ginecológicas, principalmente câncer de mama, infertilidade, endometriose ou síndrome do ovário policístico precisa ser estimulada a ter uma revisão da sua saúde alimentar”, explica a cirurgiã, especialista em medicina integrativa.
A médica ressalta que os estudos mostram que, quanto mais o indivíduo consome alimentos ultraprocessados, maior é a predisposição para ter uma inflamação crônica no organismo e maior o risco de ter problemas ginecológicos relacionados a esse consumo como, por exemplo, a síndrome dos ovários policísticos, mas que também pode desencadear em doenças crônicas como diabetes e hipertensão.
Os dados do Vigitel reforçam as conclusões de estudos internacionais e nacionais.
Um estudo publicado pelo Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (Nupens), da Universidade de São Paulo, e pela Cátedra Josué de Castro reúne mais de 180 evidências científicas sobre o impacto de ultraprocessados na saúde da população e do meio ambiente.
“Os dados têm comprovado que as populações consomem mais ultraprocessados. Elas têm maior risco de desenvolver inúmeras doenças crônicas, incluindo obesidade, diabetes, doenças cardiovasculares e alguns tipos de câncer. Alguns estudos falam até da relação de ultraprocessados com doenças mentais, asma em crianças e mortalidade precoce”, diz Ana Paula Bortoletto, consultora do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) e pós-doutoranda do Nupens.
Bortoletto afirma que não há uma tradução do Guia Alimentar em políticas públicas que coloquem em pauta as restrições necessárias para redução desse consumo de ultraprocessados. “Onde poderíamos esperar que isso aconteceria, por exemplo, seria no plano de enfrentamento de doenças crônicas do Ministério da Saúde, que é um documento que apresenta questões sobre os ultraprocessados, mas isso acontece de forma superficial.” O Joio fez uma reportagem sobre o documento que fornece diretrizes para prevenir os fatores de risco que dão origem a doenças crônicas e mostrou que a agenda contra as principais causas de morte no Brasil não deve atingir as metas de redução até 2030.
A crise, agravada pela pandemia, afetou muito os mais as pessoas pobres com a chegada da fome, e a questão nutricional e alimentar virou pauta novamente. A pesquisadora do Nupens explica que falta coerência do governo no incentivo à alimentação saudável.
”De um lado, a gente tem políticas na área de agricultura que favorecem a produção de commodities que vão servir como ingredientes para o ultraprocessado, desfavorecendo quem deveria ter mais espaço, que é a agricultura familiar, até as políticas econômicas de incentivos fiscais para bebidas açucaradas, agrotóxicos, ou seja, é um conjunto grande de políticas em várias frentes do governo que não estão favorecendo a recomendações do Guia Alimentar. O cenário é de resistência para conseguir dialogar sobre essas políticas de saúde com o governo federal.”
Há uma série de regulamentações que poderiam ser adotadas sobre os aditivos contidos, como a rotulagem frontal, mas que ainda estão engatinhando no país. A partir de outubro deste ano, a Anvisa vai exigir que os produtos tenham selo no formato de lupa na parte da frente de sua embalagem, escrito “Alto em”, indicando o nutriente em excesso, como gorduras saturadas, açúcares e sal. Porém, apesar de ser uma das principais políticas para regular os produtos ultraprocessados e evitar o consumo excessivo de ingredientes que fazem mal à saúde, o país optou por adotar um modelo diferente de outros países da América Latina – uma advertência em formato de octógono, que pesquisas científicas comprovaram ter um melhor funcionamento.
A ACT Promoção da Saúde lançou um relatório, no final de janeiro, no qual informa que um total de 60 países, de baixa, média e alta renda, já tributaram tanto bebidas quanto alimentos que fazem mal para a saúde. Nenhum desses países teve perdas econômicas, apesar de a indústria de alimentos e bebidas ser contra a política de tributação e alegar perda de arrecadação e empregos.
Então, onde começa a saúde?
“A soberania alimentar começa pela boca”, disse o escritor Eduardo Galeano. E lembra que tudo começa na terra, pois é para lá que a gente vai voltar para entender como ter saúde.
O agricultor Sérgio Euleutério vive há sete anos no assentamento Mário Lago, em Ribeirão Preto. Ele trabalhou durante 18 anos em uma grande rede de supermercados. Sérgio trocou o trabalho com produtos embalados para viver da terra e produzir alimentos agroecológicos. Ele realiza a produção agroflorestal em uma pequena área, onde planta uma grande variedade de alimentos, como hortaliças, frutas e feijão. “O alimento saudável é remédio. Quando você come uma fruta ou um legume que não tem química nem veneno, também fica saudável.”
Área de produção agroecológica dentro de Ribeirão Preto (SP), o lote de Sérgio fica ao lado de uma fazenda de cana-de-açúcar, e muitas vezes o agrotóxico aplicado ali chega até a sua produção. “Quem mora mais próximo, aqui na frente do lote, precisa ter uma plantação que sirva de barreira para evitar que chegue aqui, porque quando eles passam um produto químico, se tiver ventando, o agrotóxico vem todo pra cá.”
Além de ficar insuportável respirar, ele conta que o agrotóxico causa a perda do que produziu via agroecologia. “Nós estamos isolados aqui. O município fala que a responsabilidade é do governo federal, então não tem um compromisso, por exemplo, da cidade de Ribeirão Preto, da prefeitura e do governo do estado de São Paulo, mas a verdade é que a gente não consegue ter apoio para escoar a nossa produção.”
A produção é comercializada por programas institucionais, como PAA e Pnae, e em associações, cooperativas e via grupos de whatsapp com cestas de alimentos. No entanto, ainda não chega até os supermercados. “Parte da produção da cooperativa vai para a merenda escolar e parte vai direto para o consumidor. Mas a gente não consegue chegar até o supermercado por conta da legislação. Por exemplo, pela Anvisa, a água precisa ser tratada para vender um produto no supermercado, mas é uma questão política, porque isso não chega até aqui”, conta o agricultor e assentado da reforma agrária.
A produção agroecológica ainda está longe de alcançar os patamares que poderia. Os dados da pesquisa “Municípios Agroecológicos e Políticas de Futuro”, realizada pela Articulação Nacional de Agroecologia, revelam pouco mais de 700 iniciativas mapeadas em 52 municípios brasileiros até 2020. Dentre os mais de 5.500 municípios brasileiros, apenas 52 são considerados “agroecológicos”.
“O MST é uma linha política, com agroecologia fazemos um esforço enorme, mas não significa que todos os assentamentos são agroecológicos. Algumas áreas estão em transição para esse modelo. Isso porque a agroecologia é também uma necessidade para frear este colapso climático que está bem pertinho de acontecer. Os dados já não são mais para as futuras gerações, tem gente que está viva hoje, tem gente que está nascendo hoje, que vai sofrer esses impactos”, conclui Kelli Mafort, da coordenação nacional do MST.
Sérgio e Vilma vivem em pequenos pedaços de terra, como muitos que resistem plantando alimentos saudáveis no Brasil. Não se acostumar com a doença no nosso prato também é uma tarefa diária de resistência, que não se resume à escolha do alimento, mas faz parte de uma estratégia coletiva de pressionar para que as políticas relacionadas à promoção da saúde, segurança alimentar e conservação ambiental, caminhem, andem, aconteçam.
O Joio tentou contato com a Associação Brasileira do Agronegócio da região de Ribeirão Preto (Abag) para entrevista e informações, mas não houve retorno até o fechamento desta reportagem.